Desde o dia 1 de julho que os cidadãos portugueses podem escolher, através da assinatura de um testamento vital, o ‘grau’ de cuidados de saúde que devem receber em caso de lhes ser diagnosticado uma doença terminal ou incurável ou caso se vejam confrontados com uma situação de inconsciência ou doença neurológica ou psiquiátrica irreversível.
Escreve esta quarta-feira o Público que nos últimos dois meses foram criados 245 registos neste sentido, sendo que, no primeiro mês, tinham sido assinados 135. Face a estes dados, o presidente da Associação Portuguesa de Bioética, Rui Nunes, e o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, têm opiniões ‘contrárias’ sobre esta iniciativa.
“Mais de 200 testamentos vitais registados em apenas dois meses que foram marcados pelas férias são um sinal claríssimo da importância e da falta que fazia uma ferramenta desta natureza”, diz o primeiro.
Já para José Manuel Silva o número é relativamente baixo, algo que vai ao encontro das suas primeiras expetativas. “Considerada a população nacional adulta, é um número pequeno e confirma as minhas expetativas de que este instrumento seria utilizado por um número reduzido de cidadãos”, refere ao Público.
Porém, apesar destes números, a previsão inicial do Ministério da Saúde quando o Registo Nacional de Testamento Vital (Rentev) entrou em vigor era de que 20 a 30 mil pessoas, no prazo de um ano, pudessem assinar o documento, faltando, na opinião do dirigente da Associação de Portuguesa Bioética, uma “intensa campanha de sensibilização” para que esta meta possa ser atingida.
Por fim, de referir que em termos de distribuição geográfica foi na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo que se registaram 148 registos, mais de metade dos pedidos deste género em todo o país.