Os problemas no Citius, sistema informático da justiça não são tão informáticos, segundo o presidente do Instituto Nacional de Engenharia e Sistemas de Computadores (INESC), José Tribolet que explica ainda que caso os responsáveis não fossem “analfabetos” na matéria nada disto estaria a acontecer.
“São milhares de documentos e apêndices que se foram pondo na plataforma ao longo dos anos, muitos com informação ausente, errada ou trocada”, afirma José Tribolet.
“Os documentos estão no sistema, mas é como em nossa casa: vamos acumulando papéis sem grande organização e quando precisamos de algum não vamos saber onde está”, explica.
Durante cinco anos José Tribolet esteve ao lado da Procuradoria-Geral da República para explicar como iria funcionar o sistema e garantiu ter feito “repetidas recomendações a vários governos para que limpassem o sistema, mas é uma coisa que dá trabalho e custa dinheiro”.
No entanto, as recomendações foram ignoradas durante muitos anos e o problema surge “perante uma transformação massiva, em que os problemas aparecem todos ao mesmo tempo”.
Para o novo sistema estar em ordem, José Tribolet acredita que serão necessários “pelo menos um ou dois anos de trabalho”.
“Do ponto de vista dos modernos sistemas de informação das organizações, os dirigentes de topo são analfabetos, não conhecem o problema com que estão a lidar”, indica o professor.
Ainda sobre o Citius, o catedrático afirmar que esta mudança rápida e sem estratégia foi um risco, mas “modernizou o país e contribui para um melhor conhecimento e segurança dos processos, enquanto antes estava tudo preso por arames”, defende.