Apesar do pedido de desculpas da ministra pelos “transtornos” provocados pelas falhas no novo Citius, os transtornos continuam. O Diário Económico dá conta de tribunais quase ou mesmo totalmente paralisados, de tribunais sem juízes e até processos distribuídos à mão a bem da urgência.
Ao Diário Económico, a advogada Carla Mascarenhas, da Miranda Law, conta que ligou para um tribunal para saber de um processo. Quando referiu o juiz em causa recebeu do outro lado da linha do telefone como resposta: “esse juiz foi para o Tribunal do Comércio. Não há juiz ainda”.
No tribunal de Família de Matosinhos, os magistrados estão a “tentar identificar processos urgentes”, para distribuir e tramitar. No Palácio de Justiça procura-se fazer o mesmo, para definir as prioridades possíveis, mas “depois não há julgamentos porque não há gravação”, conta ao Diário Económico uma escrivã, Ana Paula Pereira.
Neste mesmo Palácio da Justiça conta-se o caso de um britânico que chegou a Lisboa para uma diligência cuja existência o tribunal desconhecia. Vinha de Singapura e acabou por aterrar na incógnita que é a justiça portuguesa desde que a 1 de setembro 3,5 milhões de processos e mais de 80 milhões de documentos judiciais migraram para o novo Citius, que não aguentou o impacto da volumosa migração.
O Diário Económico dá também conta de pilhas de processos que se acumulam, do trabalho manual que vai sendo feito na ausência da plataforma, de cobranças de dívidas que pura e simplesmente não acontecem porque passavam precisamente por via eletrónica e dos tribunais que estão parcial ou mesmo totalmente parados à espera de que o Citius volte a estar operacional.