A oficina comunitária de bicicletas - cicloficina - surgiu "pela necessidade" de os ciclistas de Coimbra terem um espaço onde pudessem realizar pequenas reparações, disse à agência Lusa Bia Carneiro, uma das voluntárias, referindo que "o formato foi inspirado na cicloficina de Lisboa".
Desde agosto que a cicloficina funciona na primeira quarta-feira de cada mês, entre as 18:00 e as 20:00, num formato "completamente voluntário e gratuito", em que se "trazem dúvidas e trocam-se dicas", realçou, acrescentando que a oficina é também um "espaço de convívio para a comunidade" de ciclistas.
Na quarta-feira, realizou-se a cicloficina pela segunda vez, na Casa das Artes, em Coimbra.
Na entrada da casa, encontravam-se bicicletas encostadas à parede e ao portão e uma mesa com ferramentas, como chave de fendas e chave de estrelas, uma bomba de enchimento e óleo "de máquina de costura, que é o melhor para as bicicletas", contou Paulo Andrade, outro dos voluntários.
Na cicloficina, oleiam-se bicicletas, arranjam-se os eixos das rodas, afinam-se travões, reparam-se as mudanças e fazem-se outras "pequenas afinações", de modo a que as pessoas "possam andar de forma mais segura" pela cidade, contou.
A iniciativa vive inteiramente do espírito voluntário dos participantes, frisou Paulo Andrade, referindo que aconselham as pessoas a trazerem ferramentas, óleo ou remendos, para "permitir que alguém que não trouxe ferramentas ajude a reparar, ou que alguém que viu o problema resolvido" possa aplicar esse conhecimento e ajudar outra pessoa.
O voluntário realçou ainda a importância deste tipo de eventos para se acabar com "o mito" de que em Coimbra, com as suas subidas e descidas, não dá para andar de bicicleta.
"Estou quase com 50 anos e resolvi o problema das subidas usando os transportes públicos em subidas mais longas", afirmou Paulo Andrade, apontando ainda para a existência de "muitas zonas planas em Coimbra", como a zona junto ao rio Mondego, a baixa de Coimbra ou as áreas de planaltos da cidade.
Daniel Miranda, de 19 anos, que foi à cicloficina para resolver "uns problemas no eixo traseiro" da bicicleta e mudar o óleo, é a "prova" de que em Coimbra é possível pedalar.
Todos os dias, desde que não chova, faz os três quilómetros entre a Universidade de Coimbra e a sua casa, referindo que, "com uma bicicleta com mudanças, sobe-se e desce-se bem" pela cidade.
Para o jovem, a oficina comunitária ajuda a promover o uso da bicicleta, apontando para o caso de "um senhor, que tinha uma bicicleta um pouco enferrujada, parada na garagem, veio cá arranjá-la e agora Coimbra já tem mais um ciclista".