O governo de Timor-Leste anunciou, esta segunda-feira, a decisão de expulsar cinco juízes, um procurador e um oficial da PSP do país, alegando a “falta de capacidade técnica" dos mesmos para "dotarem funcionários timorenses de conhecimentos adequados".
Para Miguel Sousa Tavares “este incidente é grave e preocupante”, acusando ainda o governo timorense de ter uma atuação que só se deve ter “quando há motivos muito fortes como a espionagem, o que não é o caso”.
“Este incidente é grave pela forma como é feito. Obviamente, Timor tem toda a legitimidade para por fim aos contratos de cooperação. Mas dar-lhes 48 horas para sair é coisa que se faz quando há motivos muito fortes, o que não é o caso”, referiu durante o Jornal de Noite da SIC.
O comentador lembra também que “desde que Timor assinou os acordos de petróleo com a Austrália, as relações com Portugal vêm-se deteriorando”, sugerindo que não se trata de uma coincidência.
“Como, aliás, se viu na última cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) onde o Presidente da República, Cavaco Silva, foi praticamente humilhado pelos timorenses que, além do mais, nos impuseram a adesão da Guiné à CPLP”, lembrou.
Miguel Sousa Tavares recordou a importância que Portugal teve no processo de independência do território timorense e sublinhou: “Timor deve-nos imenso”.
Sobre o futuro das relações diplomáticas entre Portugal e Timor, o jornalista referiu que “Portugal tem obrigação de ter as melhores relações possíveis com as antigas colónias, mas até certo ponto e esse ponto é a dignidade nacional”.
“Quando os países se portam mal connosco, Portugal só tem uma maneira de reagir que é cortar as relações ao mínimo”, atirou.
Para concluir o seu comentário, Sousa Tavares defendeu a revisão de toda a cooperação com Timor, “pois se os juízes são, subitamente, todos incompetentes para lá estar, então também o são os professores e os médicos”.