A criminalização destas ocorrências é também defendida pelos pilotos.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) recebeu, entre 2012 e outubro deste ano, quase 550 ocorrências de lasers apontados a aviões durante o voo, perto dos aeroportos nacionais, situação classificada como de "grave" para a aviação, segundo este organismo público.
"Em termos operacionais, de facto, é preocupante. Os ataques de lasers são feitos de uma de três maneiras: ou pela iluminação de uma discoteca, de um acontecimento noturno em que há um laser bastante potente que incide na aeronave que está a aterrar ou a descolar, ou por alguém na brincadeira, geralmente com um laser pequeno, ou com o intuito de pirataria mesmo, com dolo e intenção", explicou à agência Lusa Miguel Silveira, presidente da APPLA.
Seja qual for a circunstância em que o laser é apontado a um avião, caso ocorra no momento em que a aeronave está próxima do solo, há riscos para a tripulação.
"Pode causar cegueira momentânea ou reproduzir imagem dupla na retina. Estes efeitos podem durar algum tempo, o que leva a que o piloto que está a aterrar possa ficar sem ver temporariamente, que podem ser minutos. Ou seja, [o piloto] pode deixar de ver precisamente quando mais precisa de ver, que é para aterrar o avião", alertou Miguel Silveira.
O presidente da APPLA referiu que apontar lasers a aviões "não é desejável", e lamentou não haver estudos em Portugal sobre este fenómeno, para avaliar, em concreto, a questão da segurança.
Este piloto pede a ajuda da comunicação social, e deixa um apelo às entidades ligadas à aviação para que que levem a cabo uma campanha de informação e sensibilização da população acerca deste fenómeno, o qual ainda é do desconhecimento do grande público e que, para muitos, não passa de uma brincadeira.
"Os media interessarem-se pelo assunto, ou então haver mesmo um campanha iniciada oficialmente pelo Estado, via Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), com a conjunção do GPIAA, e à qual a APPLA se unirá imediatamente e com todo o gosto, para de facto elucidar", desejou Miguel Silveira.
O presidente da APPLA defende que, depois de a mensagem chegar à população, devem desenvolver-se os esforços para que haja a criminalização destes comportamentos.
"Quase todos os países já têm isto incluído na lei (...). Obviamente, achamos que deve haver uma regulamentação (...) que vá penalizar isso. Mas, antes da penalização e da lei, o que eu gosto mesmo que se faça e o que esta associação gosta que se faça é que haja um esclarecimento das pessoas", sustentou Miguel Silveira.
A agência Lusa solicitou há cerca de duas semanas esclarecimentos e informações à direção nacional da PSP, ao Ministério da Justiça e ao INAC acerca deste assunto, mas não obteve respostas.
A TAP, por seu turno, respondeu que, embora não dispondo de dados suficientes que permitam caracterizar com relevância este tipo de ocorrências, sublinha que "a perceção geral, é a de que a sua mitigação passa pela atenção/atuação do regulador (INAC), assim como pela sensibilização das pessoas para os potenciais efeitos da utilização de lasers apontados a aviões".