Jornal de Angola fala em "ressabiamento" de Portugal

O editorial do diário estatal Jornal de Angola refere-se hoje ao "ressabiamento" de Portugal sobre o percurso eleitoral do país, no dia em que se assinalam os 39 anos sobre a proclamação da independência angolana.

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Lusa
11/11/2014 10:43 ‧ 11/11/2014 por Lusa

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Intitulado de "Forças contra a democracia", o editorial critica nomeadamente a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), aludindo às recentes declarações do presidente do maior partido da oposição, Isaías Samakuva, que em Lisboa apontou a necessidade de uma nova independência do país.

"Ameaçar com a 'terceira independência' é insultar os milhões de angolanos que votaram em todos os atos eleitorais, de 1992 a 2012. Não há pior intolerância política do que ignorar as ideias, os valores, os sentimentos e as opções ideológicas ou religiosas dos outros", sublinha o mesmo editorial, acusando Samakuva de "empurrar angolanos menos informados para um retrocesso civilizacional".

"Angola é independente desde 11 de novembro de 1975. E o povo angolano tem consentido sacrifícios sem nome para preservar essa vitória. Muitos deram a vida para que a Pátria fosse livre. Muitos mais morreram pela sua defesa ao longo dos anos, até 2002 [fim da guerra civil]", escreve o editorial do jornal estatal.

O artigo recorda a luta armada que se seguiu ao período colonial, nomeadamente como "a legião estrangeira constituída por tropas da África do Sul e mercenários, quase todos portugueses, foi derrotada no Ebo". E ainda que em Kifangondo "as tropas de Mobutu e as matilhas de mercenários de várias nacionalidades, capitaneadas pelo coronel 'comando' [português] Santos e Castro, foram derrotadas sem apelo nem agravo".

"Ninguém pode arrancar estas páginas da História com a desculpa da 'reconciliação nacional'", lê-se no editorial.

De acordo com o artigo do Jornal de Angola, "intolerância política é desrespeitar a figura do chefe de Estado" e "acusar o partido que venceu as eleições de fraude", referindo-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), liderado por José Eduardo dos Santos, que é também o Presidente angolano desde 1979.

"É uma intolerância tão cega que há muito devia ter merecido uma resposta definitiva e exemplar. Porque os votos que entraram nas urnas são dos angolanos, não dos racistas de Pretória, dos portugueses ressabiados, dos conspiradores de Washington, Paris, Londres, Bruxelas e outras capitais do mundo", refere o editorial.

O artigo termina referindo que "intolerância política é perder as eleições e agir como se as tivessem ganho" e que "quem quer a 'terceira independência' é contra a democracia".

As comemorações do 39.º aniversário da independência de Angola, proclamada pelo primeiro presidente, António Agostinho Neto, a 11 de novembro de 1975, concentram-se este ano na província do Huambo, considerada um bastião da UNITA durante os anos da guerra civil.

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