A magistrada Glória Alves chegou a Timor com a missão de dar apoio judiciário a um Estado ainda em construção. Acabou expulsa, depois de pelas suas mãos terem passado processos envolvendo altas figuras do governo. Ao Diário de Notícias, falou sobre a experiência e sobre Xanana Gusmão, o líder político e herói nacional, que agora “está desmascarado”.
Questionada pelo Diário de Notícias sobre se pensavam ser expulsos do país, Glória Alves responde “sinceramente não”. E conta mesmo que a família em Portugal temia por ela, enquanto colegas timorenses choraram a despedida. Sobre os magistrados timorenses, sugere mesmo a possibilidade de escutas e um e-mail de um magistrado, “enviado para Portugal”, que receia neste momento pela sua vída.
Glória Alves estreou-se a viver no estrangeiro nesta missão judicial que incluía outros magistrados portugueses, a quem foi dada ordem de expulsão no período de 48 horas. A missão portuguesa, apoiada pelas Nações Unidas, tinha dois objetivos definidos: ajudar nas áreas de formação e titularidade dos processos. Simplesmente não havia quadros timorenses suficientes, diz, descrevendo os argumentos dados para a expulsão como “engodo”.
Em termos de experiência de vida, a magistrada admite que fez amizades para a vida e que tem todo o carinho pelo povo timorense. É nas elites políticas e empresariais que se situam as suas críticas. E sobre o líder timorense conta mesmo que este fazia “retiros” onde juntava polícias e magistrados para o ouvirem “falar, falar, falar”, algo que descreve como uma forma de “interferir”.
Caso tivesse Xanana cara a cara, dir-lhe-ia que “é uma pena que um guerrilheiro que esteve pronto para dar a vida pelo povo” esteja agora a “tentar destruir a democracia”.