Operação Furacão, Caso BPN, Máfia da Noite, Face Oculta, Remédio Santo, CTT, Operação Labirinto. São estas as pastas que estão na secretária de Carlos Alexandre, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal que trata dos mais emblemáticos processos judiciais em Portugal.
Ontem, terá ouvido José Sócrates, que foi detido face a suspeitas de corrupção alegados crimes de corrupção, fraude fiscal agravada, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.
Mas quem é o superjuiz? O Diário de Notícias, este sábado, traz uma extensa peça sobre Carlos Alexandre, que lhe trazemos de seguida:
Recentemente, com a ‘explosão’ do caso relacionado com os vistos gold, este juiz ouviu 11 arguidos em apenas cinco dias. Pelo meio, elaborou um despacho para levar a julgamento João Rendeiro, ex-presidente do BPP, e mais quatro arguidos. É esta a sua imagem de marca. Não vira a cara ao trabalho.
A fama foi sendo construída nos bastidores da justiça. Por exemplo, quando estalou o verniz do caso BES, decidiu aplicar a Ricardo Salgado uma caução de três milhões de euros no decorrer da Operação Monte Branco. Prendeu, no âmbito do caso BPN, Oliveira e Costa. Recentemente, com a investigação da Operação Labirinto, mandou emitir mandado de detenção ao chefe do SEF.
Em 2013, foi considerado o 48º homem com mais poder em Portugal, move-se dentro do tribunal sem “jogos palacianos e sem proteger interesses de ninguém”, diz fonte da Polícia Judiciária ao DN. Não se lhe conhecem grandes discursos públicos, mas quando confrontado por um advogado sobre o facto de, em Portugal, o falar mais alto do que a verdade, contradisse quem o afirmou, assegurando que “a verdade fala mais alto”.
Recentemente, depois de ser ameaçado, passou a ser acompanhado por dois elementos do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, um deles motorista, um oficial da polícia que conheceu quando vivia em Linda-a-Velha.
Já teve a casa assaltada e, nessa altura, recebeu um recado. Em cima da fotografia dos filhos os assaltantes deixaram um revólver. Quem o fez queria intimidar o juiz e imaginava que este recuaria. Mas isso não aconteceu.
É, dizem, viciado em trabalho, “não tem problemas com horários”, explica fonte policial. Sob a sua alçada, são recorrentes maratonas de interrogatórios. “Uma vez num processo que visava o crime de segurança privada ilegal o juiz esteve quatro dias com os arguidos em interrogatórios, só interrompia as audições à noite”.
Sobre o seu perfil, diz-se que é crítico, obcecado com detalhes, raramente perde a calma com a batina vestida, mas “detesta que os arguidos lhe mintam na cara”, conta fonte do Ministério Público. Além disto, é sucinto e objetivo, raramente usa truques teatrais, nem abusa do conhecimento profundo que tem das leias. “Tem mais ADN de polícia, com uma veia acusatória”, refere o DN.
Ontem, dão conta vários órgãos de comunicação social, terá ficado com o caso de José Sócrates.