Coincidência ou não, certo é que, nas últimas semanas, caíram nas mãos da Justiça casos que envolvem altos dirigentes do Estado e até mesmo um antigo primeiro-ministro, que acabou por ficar em prisão preventiva.
Na perspetiva do politólogo Luís de Sousa, isto “é um pau de dois bicos. Representa, por um lado, que houve ocorrências detetadas e eventualmente sancionadas, mas é uma intervenção que tem sido conturbada”.
“Não houve nada, nos últimos meses, que demonstrasse um esforço político de combate à corrupção e criminalidade conexa”, lamentou, acrescentando que o tema tem sido discutido apenas de uma “forma simbólica”.
“Pode haver informação de um processo que se retire para outro? Pode, mas por enquanto não foi comunicado nada. A única relação é a da experiência acumulada de lidar com um e outro processo”, afirmou, quando questionado sobre a possibilidade de a detenção de Sócrates e de Ricardo Salgado poderem estar relacionadas.
Sobre as consequências dos casos para o país e para a política, Luís de Sousa considera que “é muito fácil perder a reputação e muito difícil reconquistá-la” e que “aqui há uma tarefa única para os partidos de refundarem o sistema. Se não o fizerem, outros o farão”.