Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a DIA da linha de muito alta tensão obteve um parecer favorável condicionado ao traçado "2SM", que uma ligação a Armamar, com travessia do rio Douro na zona da Valeira, em linha mista 400+220kV, e travessia do rio Tua a sul.
Esta solução possui uma extensão de quase 40 quilómetros e foi um dos quatro traçados propostos pela EDP.
Esta linha tem como objetivo escoar a energia produzida no Aproveitamento Hidroelétrico de Foz Tua (AHFT) para a Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, atravessando área inserida no Alto Douro Vinhateiro (ADV).
De acordo com a DIA, a "solução 2SM é a alternativa que se apresenta como sendo a menos desfavorável".
Tanto a linha de muito alta tensão como o AHFT têm sido muito contestadas por organizações ambientais e cívicas, que se opõem à construção da barragem, na foz do Tua.
Em reação à DIA, a Plataforma "Salvar o Tua", que junta associações ambientais e quintas de produção vinícola, afirmou hoje, em comunicado, que "este percurso encontra-se em clara infração ao estabelecido pela missão da UNESCO que, em junho de 2012, admitiu a eventual compatibilidade da barragem mas recomendando fortemente que a linha não cruzasse o ADV.
"Indo avante, os territórios durienses serão rasgadas por corredores de segurança desflorestados e por torres metálicas até 68 metros de altura, quase a mesma dimensão da Torre dos Clérigos, no Porto, ou a altura do tabuleiro da Ponte 25 de Abril, entre Lisboa a Almada" sublinhou a Plataforma.
Para a organização, das opções apresentadas no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o traçado aprovado é o que acarreta maior destruição de vinha e de floresta e afetará os concelhos de Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo (distrito de Bragança), Alijó, Peso da Régua, Sabrosa, Vila Real (Vila Real), Armamar, Lamego, São João da Pesqueira e Tabuaço (Viseu).
Com esta decisão estão também "em risco de morte espécies protegidas por lei, com ninhos na área, como a águia-de-Bonelli, o abutre-do-Egito, o grifo e a cegonha-preta".
A Plataforma anunciou que interpôs junto do Ministro do Ambiente um recurso hierárquico relativo à DIA da linha de muito alta tensão, porque "considera esta decisão ilegal".
Enviou ainda uma carta à UNESCO, na qual diz que denuncia as "ilegalidades e irregularidades cometidas pela EDP e pelo Governo na construção da barragem".
E, segundo acrescentou, remeteu também à nova equipa da Comissão Europeia, assim que esta entrou em funções, um pedido de esclarecimento sobre a queixa feita em 2012, relativamente à construção da barragem, que ainda não teve resposta por parte da instituição comunitária.
O empreendimento hidroelétrico, concessionado à EDP, começou a ser construído há três anos, ficando a conclusão da obra adiada para setembro de 2016 por causa do abrandamento imposto pela UNESCO.