Numa longa nota enviada à Agência Lusa após uma troca de mensagens em que sempre recusou dar entrevistas, porque não quer "protagonismos", Artur Baptista da Silva queixa-se das acusações de que está a ser alvo, da devassa da sua vida privada, explica a sua ligação à ONU e dedica a maior parte do seu comunicado com a argumentação utilizada nas várias intervenções públicas e entrevistas que convenceram muita gente.
"O fundamental de toda a mensagem, o seu conteúdo de análise, diagnóstico e propostas alternativas passou a ser despiciendo e invariavelmente ignorado", lamenta o homem que está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República.
Na sua nota, Baptista da Silva começa por mostrar desagrado com os "ataques" da comunicação social de que se diz alvo, aludindo a um "regresso à antiguidade clássica" em que "quando a mensagem não agrada aos poderes instituídos legítimos e/ou ilegítimos, assassina-se o mensageiro”.
Afirma Baptista da Silva que "tal como o poder político, também alguma comunicação social é muito forte com os que lhe parecem ser fracos e cobardemente fraca com os fortes cujos poderes a manietam".
E exemplifica: "Chamar-me burlão tem sido fácil! Mas nunca, até agora, os vi chamar burlões aos 50 maiores devedores do BPN que, esses sim, burlaram o Estado Português, num montante equivalente a 1% do PIB, nem aos que transferem capitais, limpos e sujos, para paraísos fiscais, delapidando os interesses do Estado fugindo ao pagamento dos impostos e que paulatinamente, e no silêncio cúmplice da mesma comunicação social, aproveitam as janelas de oportunidade concedidas periódica e discriminatoriamente, pelos diversos governos que lhes perdoam o crime fiscal em troca do pagamento de uma taxa de 7,5%, ou seja, um terço da dos cidadãos sérios que aplicam as suas poupanças em Portugal e pagam 22,5%. A isto chama-se cumplicidade silenciosa do benefício não ao infractor mas ao criminoso", refere em comunicado.
Quanto à sua relação com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) explica que é "voluntário" e que "a esmagadora maioria dos colaboradores do PNUD são voluntários, logo, não é suposto pertencerem a nenhuma base de dados das Nações Unidas".
Explicando o seu papel no âmbito de um grupo multidisciplinar de técnicos do Sul da Europa que analisa, estuda e identifica "terapêuticas económico-sociais e de finanças públicas alternativas às que estão a ser aplicadas, com total insucesso, nos Países da região, com destaque negativo para a Grécia e Portugal, já em assistência financeira", Baptista da Silva conclui que o objectivo final era a criação do tal Observatório Independente para o qual aquele grupo pretendia vir a contar com a égide da ONU.
Artur Baptista da Silva está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República
"A PGR está atenta, a analisar as notícias publicadas e a recolher elementos que complementem os que, de forma genérica, foram até ao momento divulgados", informou quarta-feira a PGR.
Também as Nações Unidas, contactadas pela Lusa, confirmaram oficialmente que Artur Baptista da Silva, que se apresentou perante vários jornalistas como consultor da ONU, não está ligado à instituição.
Artur Baptista da Silva deu várias entrevistas à comunicação social, apresentando-se como coordenador de um observatório da ONU.
O International Club de Portugal é uma das instituições que já admitiu recorrer aos tribunais caso se comprove que há fraude.