À margem da conferência "Vidas em movimento: migrações, mobilidades e turismo", organizada pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, a investigadora considerou que esse aumento "é imenso".
Em 2010, registaram-se na Ordem dos Enfermeiros em Inglaterra 250 enfermeiros portugueses para trabalhar, número que aumentou para 1.211 em 2013.
Cláudia Pereira apresentou a comunicação "Portugueses qualificados em Londres: o caso dos enfermeiros", reconhecendo que estes profissionais "são um caso muito específico".
Os enfermeiros "são o único caso" em que as pessoas partem "com todo o processo já tratado desde Portugal, a seleção, a candidatura, a equivalência, o alojamento", referiu.
Mas e emigração portuguesa no Reino Unido continua a ser "muito binária", frisou.
"A maior parte da emigração que vai para o Reino Unido ainda é pouco qualificada (...) ou com menos qualificações, pessoas que têm como nível máximo o 12.º ano", disse.
"Mas depois também há uma parte significativa de pessoas muito qualificadas", acrescentou, confirmando que "muitas" delas começam a trabalhar em restaurantes, em Londres, ou na agricultura e na pecuária, fora de Londres.
Em geral, "os emigrantes portugueses vão para Londres, onde passam invisíveis" entre os dez milhões de habitantes da capital britânica.
Os portugueses qualificados que têm chegado a Londres desde 2010 tendem a alojar-se em diferentes zonas da cidade. "Vivem dispersos, não estão concentrados, optam por ter uma casa perto do trabalho", observou Cláudia Pereira.
Por outro lado, persiste outro perfil de emigração no Reino Unido: do português que vive fora de Londres, partiu nos anos 1980/90 e trabalha em restaurantes e limpezas.
Ao contrário, essa comunidade é "muito visível", atribui nomes portugueses aos seus estabelecimentos e fala português nas ruas, distinguiu a investigadora.
Como fora de Londres, onde se concentra metade da população estrangeira, "os estrangeiros são muito mais visíveis, porque são muito menos", Cláudia Pereira não estranha ter ouvido queixas de discriminação por parte dos portugueses qualificados que vivem e trabalham fora da capital.