Depois de ter surgido uma queixa, da parte do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, a dar conta de que José Sócrates era beneficiado na prisão, o diretor do estabelecimento endereçou-lhe três ofícios que pouco lhe agradaram.
Dois deles dizem respeito a um edredão e um cachecol do Benfica, que o recluso 44 recebeu do amigo António Ramos, conhecido por ‘Barbas’, um acérrimo adepto benfiquista. A falta de aquecimento nas celas terá levado, segundo o advogado Pedro Delille, a que Sócrates pedisse que lhe levassem roupa de cama.
“Não percebemos a proibição em relação ao edredão, porque há outros reclusos que têm”, lamentou o defensor em declarações ao Expresso.
O terceiro incide sobre umas botas de cano alto, que o antigo primeiro-ministro tinha consigo quando foi detido, a 21 de novembro. Ainda que o advogado do arguido entenda que “não há nenhuma referência a botas no Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais”, esse não é o entendimento dos responsáveis pela cadeia.
Há um despacho que “elenca o vestuário e o calçado que os reclusos, em regime comum, podem ter no seu espaço de alojamento e estabelece o número e o tipo de peças de roupa e calçado que cada um pode ter. (…) Entre o que se encontra discriminado não se incluem botas ou cachecóis”, explicou o diretor de Serviços de Organização, Planeamento e Relações Externas da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
A defesa de Sócrates promete apresentar, na próxima segunda-feira, um recurso na DGRSP, que terá efeitos suspensivos sobre a entrega das botas.