“Falo para o telefone como se fosse um gravador”. A afirmação pertence a Paula Teixeira da Cruz e foi publicada no sábado no semanário Expresso. Esta segunda-feira, a edição online diária do mesmo jornal adianta que o juiz Moura Lopes propôs que os serviços secretos nacionais levem a cabo um “varrimento geral ao sistema de comunicações”.
A frase proferida pela ministra da Justiça sugere que haverá escutas, potencialmente ilegais, a figuras de relevo do setor em Portugal. E para este magistrado esta suspeita “desgasta” o sistema judicial ao ponto de o caso merecer um “varrimento geral” para, por uma questão de “credibilidade”, se perceber “se há ou não escutas ilegais”, comentou ao Expresso.
Já Rui Cardoso, dirigente do sindicato do Ministério Público, adiantou ao mesmo jornal que “ninguém” pode garantir que não estejam a ser levadas a cabo escutas ilegais, já que com a tecnologia existente hoje em dia “qualquer um pode fazer escutas”.
Ainda assim, critica o facto de a ministra ter comentado a situação perante a comunicação social, ao invés de ter avançado para uma queixa junto das autoridades.
Recorde-se que nos últimos anos outras figuras que estiveram ligadas ao sistema judicial, nomeadamente o antigo procurador-geral da República Pinto Monteiro e o também ex-procurador-geral da República Cunha Rodrigues, sugeriram que também terão estado sob escuta.
No caso de Cunha Rodrigues, o caso chegou mesmo às instâncias judiciais, mas os suspeitos não foram julgados porque os alegados crimes foram abrangidos pela lei de amnistia.