Segundo a investigação, publicada na revista The Astrophysical Journal, os cinco exoplanetas (fora do Sistema Solar) em causa são próximos, no tamanho, de Mercúrio e Vénus.
O astrofísico e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) Sérgio Sousa, que participou no estudo, adiantou à Lusa que as medições feitas aos planetas, a partir de imagens captadas pelo telescópio Kepler, da NASA, revelam que a sua densidade é elevada, o que leva a crer, assinalou, que "são rochosos" como a Terra, apesar de mais pequenos do que o "planeta azul".
A estrela Kepler-444, uma anã laranja, ligeiramente menor do que o Sol e com cerca de 5.000°C à superfície, é "bastante antiga, tem quase a idade do Universo", frisou.
Ao contrário de estrelas de segunda geração, como o Sol, a Kepler-444 tem menos ferro, "elemento fulcral na formação dos planetas", e mais magnésio e silício, apontou Sérgio Sousa.
Para os investigadores, a descoberta prova que poderão ter sido criadas condições para o aparecimento de planetas desde muito cedo na formação do Universo.
"A descoberta de um sistema com planetas do tipo terrestre, tão antigo como o Kepler-444, confirma que os primeiros planetas se formaram muito cedo na vida da nossa Galáxia, o que nos dá uma indicação de quando terá começado a era da formação planetária", sustenta o investigador Vardan Adibekyan, do IA e da Universidade do Porto, citado em comunicado do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
O sistema estelar Kepler-444 ter-se-á formado há 11,2 mil milhões de anos, quando o Universo tinha cerca de um quinto dos atuais 13,8 mil milhões de anos, esclarece a nota, acrescentando que, quando a Terra se formou, os cinco planetas extrassolares deste sistema, "cerca de 2,5 vezes mais velho do que o Sistema Solar, já eram mais velhos do que a idade atual da Terra".
Para os cientistas, trata-se, por isso, do "mais antigo sistema estelar conhecido a albergar exoplanetas do tipo terrestre".
Situado a 116 anos-luz de distância da Terra, o sistema Kepler-444 é visto como um dos sistemas estelares "mais próximos" do "planeta azul" que foram observados pelo telescópio Kepler, tendo a equipa de investigadores internacionais medido o raio dos cinco planetas através do método dos trânsitos - medição da diminuição da luz de uma estrela provocada pela passagem do exoplaneta à frente dessa estrela.
Adicionalmente, e como o método dos trânsitos é indireto, "só permite determinar o tamanho dos planetas em relação ao tamanho da estrela-mãe", ressalva o IA, a equipa recorreu a técnicas de asterossismologia, que permitem estudar o interior das estrelas através da sua atividade sísmica medida à superfície, de forma a "conhecer com precisão as caraterísticas físicas da estrela" e, assim, "conseguir determinar o tamanho dos planetas".
De acordo com a investigação, as órbitas dos cinco planetas extrassolares são cinco vezes menores do que a órbita de Mercúrio, completam uma translação à volta da sua estrela em dez dias ou menos.
O próximo passo do grupo de cientistas será caraterizar melhor, com novos instrumentos, os planetas detetados.