Ao contribuir para aumentar o bem estar das populações, e criar condições para a criação de riqueza, a cooperação para o desenvolvimento pode "importar segurança" para a Europa , disse Luís Campos Ferreira.
"A cooperação para o desenvolvimento é um tema que tem um impacto muito grande no dia a dia das pessoas, que pode ser positivo, mas que só valorizamos quando é negativo", como no caso das pandemias, como foi o caso do Ébola, ou das migrações, ou das alterações climatéricas, afirmou.
A criação de melhores condições de vida nos países recetores é um "factor de solidariedade", de progresso social, de erradicação da pobreza, e "é um desafio para toda a sociedade", acrescentou, referindo exemplos da cooperação portuguesa em São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau ou Cabo Verde.
"A cooperação para o desenvolvimento tem que ser capaz de gerar transformação", através da transferência de tecnologias, do aumento da capacidade de consumo, da garantia do acesso à educação e da capacidade de gerar localmente crescimento, afirmou.
Sob o mote "O nosso mundo, a nossa dignidade, o nosso futuro", o Ano Europeu do Desenvolvimento, proclamado pelo Parlamento Europeu e Conselho da UE, pretende aprofundar o conhecimento e impulsionar o debate sobre o papel da Europa perante os novos desafios de desenvolvimento, no ano de fim da vigência dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio e de aprovação de uma nova Agenda de Desenvolvimento Global.
Ana Paula Laborinho, presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, que vai executar o programa português com diversos parceiros, sublinhou que o esforço financeiro na cooperação para o desenvolvimento "não é uma despesa, é um investimento".
"Se os países forem mais equitativos, também nós teremos vantagens, com um mundo mais equilibrado, mais pacífico", disse.
O Camões vai executar o programa português, em parceria com diferentes instituições e organizações da sociedade civil, como a Plataforma Portguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD), a direção-geral da Educação, o Conselho Nacional da Juventude, a Rede Intermunicipal de Cooperação para o Desenvolvimento e a representação da Comissão Europeia em Portugal.
O programa nacional quer contribuir para informar, e promover a participação e pensamento crítico dos cidadãos em relação às políticas de desenvolvimento portuguesa e europeia, correspondendo a cada um dos 12 meses um tema.
Em janeiro, o tema será "A Europa e o Mundo", seguindo-se "A Educação", "Mulheres e Raparigas", "Saúde", "Paz e Segurança", "Crescimento Sustentável, Trabalho Digno e Empresas", "Crianças e Jovens", "Ajuda Humanitária", "Migrações e Demografia", "Segurança Alimentar", "Desenvolvimento Sustentável" e, finalmente em dezembro, "Direitos Humanos".
Conferências, exposições, semanas temáticas, prémios de jornalismo e investigação, ciclos de cinema e espetáculos são algumas das atividades previstas ao longo do ano.
O programa português, cuja cerimónia de abertura vai decorrer a 14 de fevereiro no Porto, designou uma embaixadora Ano Europeu para o Desenvolvimento, a atriz Claúdia Semedo.
Um inquérito em dois momentos, em fevereiro próximo e no mesmo mês em 2016, vai avaliar a evolução do conhecimento em relação à cooperação para o desenvolvimento junto de parceiros e do público.