João Araújo, advogado de José Sócrates, conversou com o jornal i sobre o processo que tem mantido o ex-primeiro-ministro em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Évora.
O advogado considera que a detenção é apenas “um episódio” do “massacre” que tem sido dirigido ao antigo líder socialista. “Qualquer pessoa neste país que tenha quinze anos ouviu sempre falar mal de José Sócrates”, afirma, acrescentando que “não deveria ter saído nada do que saiu”, referindo-se às notícias sobre factos que fazem parte do processo judicial.
Apesar de considerar que o cliente não devia estar em prisão preventiva, também não acredita que a prisão domiciliária fosse preferivel. “Não vejo que o senhor engenheiro Sócrates se sujeitasse a uma coisa dessas [obrigação de permanência na habitação com pulseira eletrónica]. Andar com uma anilha? Nem os pombos... Não acredito, mas isso é uma questão dele. Eu, pessoalmente, nunca toleraria uma coisas dessas. Não me ponham a escolher entre duas prisões porque eu não quero a prisão”, argumenta.
E por falar em processo judicial, João Araújo confirma que “o único facto que é expressamente relacionado com corrupção” é uma conversa entre Sócrates e Manuel Vicente, vice-presidente de Angola.
Deixando de lado os factos do processo e falando sobre José Sócrates, o advogado garante que o agora arguido estava “determinado” e “não receoso” quando o encontrou em Paris, horas antes de ser detido no aeroporto da Portela.
“Sócrates disse-me: ‘Fui primeiro-ministro. Se não for eu a respeitar as instituições quem o fará”, revela João Araújo que considera que o ex-líder socialista tem um perfil que “não se coaduna com a natureza passiva do cargo de Presidente da República”. “Você é maluco!”. Terão sido estas as palavras proferidas por Sócrates quando o advogado uma vez lhe perguntou se pensava em candidatar-se a Belém.
Nesta entrevista ao jornal i, João Araújo recupera a tese de que “não há nenhuma razão para [Sócrates] estar preso” e até garantiu que a sua defesa não se trata de simpatia pelo PS. Antes pelo contrário. “Não sou do Partido Socialista nem nunca fui. As minhas inclinações políticas são à esquerda disso, não tenho grandes simpatias pelo PS”, assegurou.
Antes de dar por concluída a entrevista, o advogado considerou que as principais fragilidades neste processo se prendem com a “obscuridade e na opacidade na explanação do Ministério Público dos factos”, garantindo que os factos apresentados pelo MP “foram apresentados de uma forma desligada, não concretizada e insuficiente”.
Leia aqui na íntegra a entrevista ao jornal i.