As escutas a Paulo Portas, inseridas nas investigações ao caso da compra dos submarinos, terão sido mal transcritas, escreve o Expresso. Em causa estarão dois termos em particular que, comparados com o processo, podem não ser tão crípticos quando a transcrição original das escutas davam a entender.
Em causa estão passagens do excerto que abaixo publicamos:
Paulo Portas: “Aterrei da Alemanha.”
Abel Pinheiro: “Ainda foste à Alemanha?”
P.P: “Ainda fui, ainda fui, aquilo.”
A.P: “Fizeste muito bem. Ao [impercetível]…”
P.P: “Ao Canalis, exato”.
A.P: “O Monte Canal é a promessa do Bismark.”
PP: “Exatamente.”
A conversa em causa decorreu a 7 de abril de 2005 e envolve Paulo Portas, na altura ministro da Defesa, e Abel Pinheiro, responsável pelas finanças do CDS. Portas acabara de chegar da Alemanha, onde tinha estado para ver o início da construção do primeiro de dois submarinos adquiridos aos alemães.
“Canalis”, que também poderia ser lido como “Canals”, poderia ser uma referência a Michels Canals, um dos sócios fundadores da Akoya Investments, homem também ligado à Akoya Asset Management, uma empresa de origem suíça que surge ligada a portugueses ricos, nomeadamente Ricardo Salgado. Realce-se que este pormenor surge como um dos argumentos por parte da eurodeputada Ana Gomes para que se aprofunde a investigação ao caso dos submarinos.
Mas em causa nesta conversa não estará o ir ver “aquilo” ao “Canalis” mas sim duas outras palavras: “Canalis” poderá ser simplesmente “canal”. Segundo o Expresso, a frase que se ouve é “o famoso canal, foi promessa do Bismark”, uma frase de Abel Pinheiro donde não se ouve a palavra monte.
Já “aquilo” – segundo o mesmo jornal, que publicou as conversas no seu site – terá sido uma má transcrição de “a Kiel”. Para que se entenda melhor, o Canal de Kiel é um canal artificial mandado construir pelo histórico líder germânico Otto von Bismark, que liga a cidade de Kiel, no Mar Báltico, ao Mar do Norte, junto à foz do rio Elba.