As duas contas na Suíça detidas por Carlos Santos Silva, mas que se acredita que eram usadas para esconder dinheiro de José Sócrates, foram abertas em 2008 e utilizadas até ao final de 2009.
O antigo primeiro-ministro e o empresário de construção civil e obras públicas estão presos preventivamente desde novembro por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. E é o dinheiro encaminhado para a Suíça que constitui a peça-chave para a investigação em curso no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
O Expresso dá conta de que os depósitos feitos por Carlos Santos Silva no banco USB, em Genebra, remontam ao período em que o empresário foi administrador da Lena Engenharia e Construção, a principal empresa do Grupo Lena, e no tempo em que Sócrates esteve à frente do Governo, acabando por contrariar a ideia de que os montantes eram referentes a uma época anterior a 2005.
O procurador Rosário Teixeira afirma que os factos são posteriores a 2005. Isto é depois de Sócrates ter assumido o cargo de primeiro-ministro.
“É todo um mundo de diferença e acredito que isso vai ter efeitos processuais devastadores para o Ministério Público. Não se pode chamar um cidadão, prendê-lo e dizer que matou a mulher e depois vir dizer que afinal matou a sogra. Onde estão as garantias de defesa?”, questiona a defesa de Sócrates.