O Ministério Público (MP) conseguiu dar conta de um total de 1,5 milhões de euros entregues por Carlos Santos Silva a José Sócrates, entre 2012 e o momento em que o ex-primeiro-ministro foi preso. De acordo com o Expresso, metade desse valor está documentado (com ordens de transferência e faturas) e, portanto, com rasto facilmente identificável.
Restam 650 mil euros que foram entregues em dinheiro vivo e cujos indícios foram identificados através de escutas coincidentes com levantamentos de uma conta do empresário de construção civil.
Foram mais de 40 entregas e, numa das interceções telefónicas, Sócrates é apanhado a dizer ao amigo que precisava de “folhas de dossiê”, “fotocopias” ou “livros” – uma linguagem de código utilizada entre os dois que significava dinheiro, como já foi noticiado.
No entanto, de acordo com o MP, o tom utilizado por Sócrates nesses telefonemas não era de quem pedia dinheiro, como alega a defesa do ex-primeiro-ministro, mas de quem o exigia.
Esta informação vem contrariar o recurso apresentado pela defesa de Sócrates no Tribunal da Relação, que indica que as transações entre os dois seriam meros empréstimos entre amigos concedidos por “falta de liquidez” do socialista.
A equipa liderada pelo procurador Rosário Teixeira descobriu ainda dez esquemas utilizados pelos dois amigos para levarem a cabo as transações financeiras ludibriando as autoridades. Estes argumentos podem ser suficientes para justificar a permanência do antigo líder do PS na cadeia de Évora.