Associações de defesa dos animais entregam carta de protesto

Duas organizações de defesa dos animais entregaram hoje, ao secretário de Estado da Cultura, uma carta de protesto contra o uso de animais de circo no filme "O grande circo místico", de Carlos Diegues, a ser rodado em Portugal.

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Lusa
10/03/2015 19:03 ‧ 10/03/2015 por Lusa

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A carta foi entregue no âmbito de um protesto conjunto, da plataforma Ação Direta pela Libertação Animal e do movimento cívico Cidadãos Pelos Circos Sem Animais, realizado hoje, junto ao Palácio da Ajuda, sede da Secretaria de Estado da Cultura, em Lisboa, onde se concentrou cerca de uma dezena de manifestantes.

Na carta, as duas estruturas questionam o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, se teve conhecimento de que o filme, uma coprodução luso-brasileira e francesa, teve mais de 300.000 euros de apoio financeiro público.

Em causa está a rodagem em Portugal do filme "O grande circo místico", do brasileiro Carlos Diegues, a partir de um poema de Jorge de Lima, que implicou a utilização de animais de circo.

A rodagem começou em janeiro, em vários espaços de Lisboa e Sintra, e terminará este mês. Conta com cerca de 80 atores, entre os quais António Fagundes, Catherine Mouchet, Vincent Cassel, Jesuíta Barbosa e Nuno Lopes, equipa técnica portuguesa e animais do circo de Vitor Hugo Cardinali.

Andreia Mota, fundadora do Ação Direta, explicou à agência Lusa que o protesto já não impedirá a realização do filme, mas é pedido um boicote nas salas de cinema e que, de futuro, a tutela não apoie produções que recorram a animais de circo.

O uso de animais em circo "é um espetáculo degradante, humilhante, que atenta à vida dos animais, que veem as suas vidas destruídas, a sua dignidade completamente destruída". "Estamos completamente contra e sabemos que este espetáculo vai perecer. Infelizmente isto está a acontecer e é com o nosso dinheiro", afirmou a ativista.

Eduardo Araújo, do movimento Cidadãos Pelos Circos Sem Animais, contou à agência Lusa que Jorge Barreto Xavier se mostrou "sensibilizado" pela causa que defendem, mas explicou-lhes que não foi cometida qualquer ilegalidade na atribuição de apoio financeiro ao filme.

No protesto de hoje, junto à estátua de D. Carlos I, a dezenas de metros da entrada do palácio da Ajuda e sob o olhar atento de uma dezena de agentes policiais, quinze pessoas manifestaram-se em silêncio contra o uso de animais em circo.

Empunhavam cartazes onde se podia ler "O maior espetáculo do mundo não escraviza animais" ou "Circo sim, mas sem animais".

Esta não é a primeira vez que projeto do filme "O grande circo místico" causa polémica. Em outubro passado, a Associação Vida Animal avançou com uma petição pública apelando a Carlos Diegues para que não utilizasse animais no filme.

Na altura, em declarações à agência Lusa, a produtora brasileira Renata de Almeida Magalhães rejeitou qualquer ideia de maltrato de animais e que estes seriam utilizados no filme em situações de um quotidiano de circo: "Não há nenhum motivo para que sejamos tratados como 'monstros-­que-maltratam-animais'".

"A história do Circo Vitor Hugo Cardinali assegura-nos que estamos trabalhando com uma das pessoas mais sérias do universo circense", afirmou a produtora.

"O grande circo místico", poema de Jorge de Lima, foi adaptado nos anos 1980 para um espetáculo de música e dança, com composições de Chico Buarque e Edu Lobo, que chegou a ser apresentado em Lisboa.

A história é de amor, entre um aristocrata (Frederico) e uma acrobata (Agnes), que fundam um circo, a dinastia do circo Knieps, no início do século XX.

O orçamento do filme é de 4,5 milhões de euros, dos quais 2,5 milhões de euros são gastos em Portugal e 1,8 milhões euros em Lisboa, segundo contas da autarquia lisboeta.

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