Pais que "fantasiam" filhos, adotam e devolvem

Entre 2010 e 2014, foram ‘devolvidas’ às instituições mais de 50 crianças. Os motivos são os mais variados. Segundo os técnicos, adotar um filho é para muitos pais uma fantasia, que acaba quando se apercebem das dificuldades.

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Notícias Ao Minuto
15/03/2015 09:26 ‧ 15/03/2015 por Notícias Ao Minuto

País

Adoção

Que a decisão de adotar um filho não deve ser tomada de ânimo leve, é certo e sabido. Que o processo de adoção é complexo também. Mas nem isso parece demover vários portugueses, que se tornam pais e deixam de o ser passados alguns dias.

Nos últimos quatro anos, foram devolvidas 53 crianças a instituições, após terem sido entregues às respetivas famílias. 14 tinham já sido adotadas e 39 estavam em processo de pré-adoção.

Ao Diário de Notícias, Olga Fonseca, da Fundação CEBI, contou os casos que mais a marcaram: um menino que foi ‘devolvido’ porque a mãe o achava pouco inteligente (não sabia completar, por exemplo, um puzzle) e uma menina que tomava risperidona devido a problemas de concentração. Quando leram a bula, os pais constataram que o medicamento era usado também para tratamentos de esquizofrenia. É ainda de referir o caso de uma mãe que considerou que o filho exigia muita atenção e, “porque mudava de roupa todos os dias, no inverno era complicado”.

De entre os vários motivos que levam um menor a ser abandonado uma segunda vez (é assim que se sentem nesta circunstância), prevalecem os divórcios, “as pessoas que têm uma ideia fantasiosa do que é ter um filho” e as situações “em que o jovem se revela uma pessoa diferente do que previam e têm dificuldade em lidar com a situação”, segundo explicou o procurador-geral adjunto do Tribunal da Relação de Évora.

A “má preparação da criança para uma nova família, má preparação dos candidatos ou má adequação criança-família” são outros dos motivos apontados Domingas Fortio, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa 

"Os candidatos são aceites para adoção e podem estar anos à espera. De repente, são informados de que há uma criança disponível e é tudo rápido (cinco dias)”, indica, por sua vez, uma representante da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.

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