Escutas telefónicas a José Sócrates, levadas a cabo no âmbito da Operação Marquês, levaram os investigadores a concluir que o livro ‘A Confiança no Mundo – Sobre a Tortura em Democracia’ afinal não foi escrito pelo antigo primeiro-ministro, avança o SOL.
Apesar de na capa do livro constar o nome de José Sócrates e de o antigo líder do PS ter recolhido todos os louros da autoria da obra, o livro terá sido escrito por um professor catedrático que abdicou dos seus direitos intelectuais.
Segundo o semanário SOL, José Sócrates estaria já a programar a publicação de um segundo livro que, tal como o primeiro, seria escrito pelo mesmo professor catedrático que receberia contrapartidas pelo facto de abrir mão dos seus direitos intelectuais.
Esta não é a única polémica à volta da obra literária. Escreve o SOL que os investigadores concluíram que das contas de Carlos Santos Silva (melhor amigo de Sócrates que está também em prisão preventiva) saíram 170 mil euros que foram distribuídos por várias pessoas para que comprassem cerca de 10 mil exemplares, cada um.
Entre estas pessoas estão João Perna (arguido e motorista), Gonçalo Ferreira (arguido e advogado de Santos Silva), Inês Rosário (mulher de Santos Silva), Lígia Correia (antiga secretária em governos do PS), Renato Sampaio e André Figueiredo (deputados socialistas) e Rui Mão-de-Ferro (empresário ligado aos arguidos).
Recorde-se que o livro foi apresentado em outubro de 2013, cerimónia na qual estiveram altos dirigentes e antigos dirigentes socialistas, tais como António Costa, Mário Soares, Ferro Rodrigues ou Manuel Alegre.
O prefácio foi escrito pelo ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, e o posfácio por Eduardo Lourenço.