A reportagem, emitida no início de abril e partilhada também nas redes sociais, mostra uma mãe portuguesa com três filhos, a viver num apartamento insalubre com apenas um quarto para os quatro, um caso que os deputados socialistas consideram um exemplo da situação "das famílias monoparentais e do problema de alojamento".
Segundo o canal de televisão ZDF, uma das crianças sofre de alergias respiratórias, um problema agravado pelas infiltrações e bolores que cobrem as paredes do apartamento situado na capital luxemburguesa, pelo qual a imigrante portuguesa paga 850 euros por mês.
A situação agravou-se depois de a imigrante portuguesa ter ficado desempregada, o que a obrigou a recorrer aos supermercados sociais para poder alimentar a família.
Na questão parlamentar, os deputados socialistas Franz Fayot e Taina Bofferding citam um estudo da Câmara dos Assalariados que indica que em 2013 cerca de 46 por cento das famílias monoparentais viviam abaixo do limiar de pobreza, uma taxa que aumentou 19 por cento desde 1996 e é superior à média da UE15 (32%), os 15 países que formavam a União Europeia até 2004.
Considerando que há "uma relação entre a pobreza infantil e a carestia da habitação", os deputados perguntam à ministra da Família e da Integração e à titular da pasta da Habitação "que medidas contam adotar para lutar contra o aumento inquietante da pobreza infantil, em particular nas famílias monoparentais", e que ações pretendem tomar "no setor do alojamento social".
À Lusa, o deputado Franz Fayot disse que a reportagem mostra "uma realidade que as estatísticas confirmam, mas que nem sempre é visível para grande parte da população luxemburguesa".
"A situação de pobreza em que vive parte da população estrangeira, sobretudo portuguesa e maioritariamente em famílias monoparentais, é real, mas às vezes passa ao lado dos políticos, porque afeta mais os estrangeiros do que os luxemburgueses", lamentou Franz Fayot.
Para o deputado do partido socialista luxemburguês, o problema é sobretudo "a escassez da habitação social, que não chega para dar resposta às necessidades", sublinhando que "há casos piores" do que o mostrado pela televisão alemã.
"A maioria dos estrangeiros não são proprietários da casa onde vivem, e são obrigados a pagar rendas muito altas, sujeitando-se aos especuladores, que cobram preços muito elevados por um simples quarto, às vezes com condições execráveis, piores ainda do que o que vimos na reportagem", disse à Lusa Franz Fayot.
Segundo um estudo do Statec que a Lusa noticiou em novembro, no Luxemburgo 22,1% dos trabalhadores portugueses estão em risco de pobreza, um valor superior à taxa da população em geral (15,9%), representando mais do triplo dos luxemburgueses na mesma situação (6,4%).
A questão parlamentar apresentada a 9 de abril deverá ter resposta no prazo de 30 dias, indicou o deputado Franz Fayot.