Instituto do Porto ajuda invisuais a aumentar autonomia

O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC TEC) está a desenvolver uma plataforma dedicada a pessoas cegas ou com visão reduzida que tem por objetivo aumentar a sua autonomia, explicou o investigador João Barroso.

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Lusa
25/04/2015 11:22 ‧ 25/04/2015 por Lusa

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Plataforma

Ler um artigo de jornal, bem como um menu de restaurante ou identificar um percurso e reconhecer embalagens são algumas das tarefas que o projeto CE4BLIND - 'context extraction for the blind using computer vision', em português 'extração de contexto para cegos utilizando visão por computador' - poderá permitir que um invisual complete de forma autónoma.

A CE4BLIND é uma plataforma digital móvel, ou seja uma aplicação informática que poderá ser usada num computador, telemóvel ou 'tablet', estando a esta associados componentes - uma bengala eletrónica ou "visão" por câmara, por exemplo - que têm a missão de reconhecer o espaço.

"O objetivo é obter apoio inteligente e combater a infoexclusão digital dos invisuais, fazendo-os sentir-se integrados e produtivos na sociedade digital", explicou à agência Lusa o investigador do INESC TEC João Barroso.

A frase "aumentar a perceção da realidade a quem não consegue utilizar a visão" acaba por resumir o projeto, somando-se a determinação de conceber a plataforma de forma não invasiva para o utilizador e sem lhe alterar as rotinas.

Primeiro componente: a bengala, fruto do projeto Blavigator, também desenvolvido pelo INESC TEC, que comunica por protocolo bluetooth (rede sem fios) com a plataforma que está a correr no dispositivo móvel, dando indicações ao cego através de vibração ou de som.

Segundo componente: visão por computador ou visão artificial, ou seja câmaras, cujo estudo parte do projeto SmartVision também deste instituto. Imagine-se um invisual que, ao caminhar ou ao "ler" algo o faz focando uma câmara nesse horizonte, a "visão" será transmitida à CE4BLIND, que a descodifica e emite informação.

Uma terceira ideia passa por pedir ajuda remotamente, o que implica que o utilizador tenha, por exemplo, um familiar que está reformado, tendo tempo disponível, ou algum conhecido que conheça determinado espaço.

A plataforma envia as imagens para o dispositivo dessa terceira pessoa que remotamente dá informações em tempo real ao cego, ajudando-o nas tarefas. Esta componente ainda está em estudo, revelou João Barroso, acrescentando que poderá ser apropriada a situações "mais criticas".

O também docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) admitiu que, ao juntar vários componentes, a ideia é que exista "alguma redundância": "São vários módulos que podem redundar em objetivos semelhantes, mas isso cria segurança ao utilizador", disse.

João Barroso explicou que atualmente existem apenas protótipos e não produtos finais, mas a grande meta é conseguir "disponibilizar um produto" comercialmente ou pelo menos para uso das instituições, aliás a equipa do INESC TEC já recebeu contactos de espaços culturais que gostariam de fazer percursos acessíveis através da CE4BLIND.

Este projeto conta com a participação da Universidade do Texas em Austin (UT Austin) e da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO).

À instituição americana cabe introduzir a impressão 3D (dados tridimensionais) de alguns objetos específicos para que o cego possa fazer o reconhecimento através do tato, ao passar a mão. Já a ACAPO está a "disponibilizar" associados seus para a realização de testes.

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