Cerca das quatro da manhã, um despiste de automóvel matou cinco peregrinos e provocou outros cinco feridos, num grupo de 80 de Mortágua, e que se dirigia para Fátima.
"É trágico. Dá para arrepiar", contou à Lusa Maria Elisabete, a caminhar há dois dias para cumprir uma promessa, sublinhando que o percurso entre Coimbra e Pombal tem sempre "muito movimento" e é a parte que lhe causa "mais medo".
Para esta peregrina de 42 anos, devia haver "uma berma mais espaçosa e com gradeamento", principalmente em maio e em agosto, quando há uma maior presença de peregrinos na estrada.
"De Coimbra a Fátima é uma vergonha", interrompeu uma mulher no carro de apoio. Declaração que mereceu a concordância de Maria Elisabete ao considerar que o percurso "não tem condições".
A peregrina de Viseu defendeu também uma maior atenção por parte dos automobilistas e uma maior presença da GNR no percurso.
"A GNR, para a caça às multas, está sempre pronta, mas para ajudar os peregrinos não. Nós também somos contribuintes", protestou.
Também um grupo de Oliveira de Azeméis, a passar por Coimbra, mostrou-se preocupado com a notícia e sublinhou que já há muito que os peregrinos têm medo daquele troço.
"Graças a Deus que correu sempre bem, mas temos de ter muito cuidado", diz à Lusa Alice Santos, que faz o percurso há dez anos.
A sua filha, Vera Pereira, também experiente nestas andanças, conta que deveriam ser tomadas "medidas especiais" nestas alturas do ano, constatando que em "alguns sítios", quando há duas faixas, uma fica reservada para os peregrinos.
"Mas isso não acontece em todo o percurso", referiu, apontando também para a necessidade de estradas com bermas maiores.
Patrícia Silva, também dentro do grupo de Oliveira de Azeméis, afirmou que "a culpa não é só dos automobilistas".
"São necessárias medidas nas estradas, mais consciência por parte de alguns automobilistas, mas também por parte dos peregrinos que, às vezes, não têm cuidado, distraem-se e depois estão três ou quatro lado a lado na estrada", observou, criticando também a falta de presença da GNR na estrada "em maio e agosto".
Patrícia admitiu também o medo que o acidente provocou no grupo. "Já rezei o meu terço hoje", contou.