"Excecionalmente e apenas em caso de necessidade, as vigilâncias podem ser asseguradas por um docente por sala, desde que haja, em média, um vigilante suplente a acompanhar cada quatro salas de teste", lê-se numa comunicação enviada às escolas, por correio eletrónico, pelo secretariado da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE ).
Na mesma informação acrescenta-se que as escolas que "tiverem de optar" por esta solução devem "preencher o registo de ocorrências" e envia-lo digitalizado até ao final da tarde de hoje.
Contactados pela agência Lusa, os representantes dos diretores escolares afirmaram-se surpreendidos com a orientação, recebida pelas 13:30, sublinhando normalmente, nestas situações, são necessários dois professores por sala para fazer a vigilância.
"Estranhamos essa informação porque chegou um quarto de hora antes de os alunos entrarem para a sala e em todas as situações de exames são necessários dois professores vigilantes na sala", disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira.
Para o dirigente escolar, trata-se de "um desrespeito pelo trabalho de rigor" que as escolas desenvolvem e que tentam transmitir aos alunos.
"É um mau princípio, esta sim é uma situação anormal", disse o professor quando questionado sobre a forma como estava hoje a decorrer o teste, sob um pré-aviso de greve emitido por várias organizações sindicais, entre as quais a Federação Nacional dos Professores (FENPROF).
"As escolas têm todo o cuidado e são rigorosas neste trabalho e depois chega isto", lamentou, referindo-se à nota transmitida pela tutela, acrescentando que esta é a única situação anómala registada até ao momento.
Também o dirigente da Associação Nacional da Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) Filinto Lima ficou surpreendido: "Admito este tipo de mail em situação de greve, mas não devia acontecer, as escolas convocaram os professores que entenderam que deviam convocar. Isto não é normal, fazer greve é normal".
De acordo com os diretores, a prova está a decorrer em todo o país, independentemente da greve, mas tanto os alunos como os pais, parecem não ter valorizado muito tanto o teste, que não conta para a nota final, como o certificado, a pedir pelos interessados, mediante pagamento, excluindo os beneficiários do escalão mais elevado do apoio social escolar.
"Está a correr bem, em 44 professores que convoquei, só dois é que faltaram", contou Filinto Lima, acrescentando que dos contactos que fez para outras escolas, nomeadamente em Lisboa e no Algarve, a informação recebida foi que prova decorreu normalmente: "Houve um caso no Porto em que faltaram 12 professores, mas havia outros convocados".
"Alguns diretores, como se previa a greve, convocaram mais professores do que seria necessário", declarou Filinto Lima.
No agrupamento que dirige, em Gaia, só três alunos, num total de 135 é que pediram o certificado do teste desenvolvido pela Universidade de Cambridge.
O dirigente alertou ainda a tutela para se "apressar" em relação à certificação dos professores que vão corrigir o teste, embora o processo tenha já abrangido a maioria dos docentes que realizarão esse trabalho.
Cerca de 111.000 alunos do ensino público e privado realizaram esta tarde a prova escrita do "Preliminary English Test" (PET), obrigatória para os estudantes do 9.º ano.