Arquiteta premiada critica "absurdas condições de trabalho"
A arquiteta Eduarda Souto Moura criticou hoje, em Esposende, as "absurdas condições de trabalho" daqueles profissionais em Portugal, aludindo, nomeadamente, à inexistência de contratos e a "salários mínimos", e exigiu respeito pela profissão.
© Reuters
País Portugal
"Não me assusta a emigração, assusta-me é a perda de dignidade", referiu, após ter recebido um prémio de 2000 euros por ter sido considerada a melhor aluna finalista da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, no ano letivo 2013-2013.
Eduarda Souto Moura afirmou que os arquitetos em Portugal têm de se sujeitar "às mais absurdas condições de trabalho", exercendo a profissão sem contratos e com salários "mínimos", sublinhando que esta é uma situação se "banalizou".
"Há que ter orgulho e respeito por esta profissão", reclamou a filha de Eduardo Souto Moura, arquiteto que em 2011 venceu o prémio Pritzker, considerado como o "Nobel da Arquitetura".
À Lusa, Eduarda garantiu que não foi por influência do pai que decidiu seguir arquitetura.
"Pelo contrário, os meus pais nunca quiseram que eu fosse para arquitetura", vincou.
O prémio de melhor aluna de Belas Artes foi atribuído a Margarida Rocha.
A Câmara de Esposende premeia, anualmente, desde 2014, o melhor aluno de Arquitetura e o melhor aluno de Belas Artes da Universidade do Porto, atribuindo a cada um deles um cheque no valor de 2000 euros.
Trata-se de uma espécie de "prestação" anual que a Câmara paga àquela universidade, pela compra "Casa das Marinhas", em Esposende, onde viveu o arquiteto Viana de Lima.
A "prestação" será paga ao longo de 30 anos, perfazendo assim um valor total de 120 mil euros.
Construída a partir de um moinho, a "Casa das Marinhas" era propriedade de Viana de Lima, que, por herança, a deixou à Universidade do Porto.
Viana de Lima, em testamento, deixou escrito que queria que aquela casa fosse vendida e que o produto da venda fosse convertido em dois prémios para homenagear os filhos, que eram estudantes de pintura e de arquitetura.
"Importa aqui destacar, desde logo, o enorme altruísmo de Viana de Lima", destacou o presidente da Câmara de Esposende.
Benjamim Pereira lembrou que, após firmar o protocolo de aquisição da casa com a Universidade do Porto, a Câmara promoveu obras de beneficiação do imóvel, que se traduziram em trabalhos de pintura e cobertura e na requalificação do jardim.
O edifício foi, entretanto, transformado em Casa-Museu, estando apto a receber visitas, sendo procurada especialmente por escolas de arquitetura, nacionais e estrangeiras.
A construção da Casa das Marinhas data de 1954.
Trata-se de um "solar dos tempos modernos", concebido a partir de um velho moinho, a cuja construção de raiz Viana de Lima adicionou as novas dinâmicas das tendências de então.
O imóvel está classificado como Monumento de Interesse Público.
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