"Encontro de Cientistas 2015", que se realiza no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é uma iniciativa que partiu da Associação Portuguesa de Sociologia (APS), à qual se juntaram outras associações das ciências sociais e humanas, bem como dos bolseiros e trabalhadores de investigação científica.
Em declarações à Lusa, o vice-presidente da APS João Teixeira Lopes disse que o encontro pretende promover um debate público sobre as políticas futuras do sistema científico nacional, envolvendo investigadores de várias áreas, e "tentar colocar a ciência como uma prioridade na agenda política".
Além da intervenção de cientistas em painéis sobre a avaliação e o financiamento do sistema científico, o emprego científico e o papel da ciência na sociedade, o encontro propõe para reflexão um documento, a entregar à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e aos grupos parlamentares, que defende a estabilidade das carreiras científicas e o aumento do investimento público em investigação e desenvolvimento.
João Teixeira Lopes, docente da Universidade do Porto e ex-deputado do BE, criticou "os cortes" nas bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, a "falta de diálogo" da FCT, que subsidia a investigação em Portugal, com a comunidade científica, "a precariedade" do trabalho científico, com recurso a bolseiros, e as "políticas pouco transparentes" na avaliação dos laboratórios.
O dirigente da APS apontou, ainda, "a expetativa muito reduzida de regresso a Portugal" de cientistas que foram trabalhar para o estrangeiro e a "ideia economicista" da ciência, com a concentração, a seu ver, dos investimentos em áreas "rentáveis" como as ciências da vida, menosprezando as ciências sociais e humanas, numa lógica que, assinalou, "desagrega o sistema científico".
O encontro conta com a participação, entre outros, do físico Carlos Fiolhais, do linguista João Veloso, coordenador do Centro de Linguística da Universidade do Porto, afastado de qualquer financiamento público na mais recente avaliação às unidades de investigação, e de dirigentes do Sindicato Nacional do Ensino Superior e da Federação Mundial de Trabalhadores Científicos.
A presidente da FCT, Maria Arménia Carrondo, que assumiu há pouco mais de um mês o cargo, após a demissão de Miguel Seabra, que invocou razões pessoais, não foi convidada para o encontro, dadas as recentes mudanças verificadas na instituição, alegou a APS.