O Conselho das Escolas (CE) aprovou, na quinta-feira, uma recomendação que, entre outras propostas, defende que os alunos devem ter uma pausa a meio do primeiro período, à semelhança do que acontece noutros países europeus, para que as escolas possam avaliar o trabalho realizado e planear atividades de apoio aos alunos com mais dificuldades.
Confrontado com esta recomendação, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascensão, criticou as pausas avulso e defendeu que as aulas deveriam "começar no início de setembro e terminar apenas no final de julho", ou seja, os alunos teriam apenas um mês de férias no verão.
"Começo a recear que as escolas tenham mais pausas do que aulas. Toda a gente se queixa de que os programas são extensos e os alunos não têm tempo para aprender e tirar dúvidas. É preciso tempo", disse à Lusa Jorge Ascensão.
Além disso, considerou que a recomendação do CE "é redutora, tendo em conta tudo o que é preciso mudar" no ensino e que é necessária uma "revolução na educação".
A Confap entende que é preciso repensar o tempo em sala de aula e a forma de ensinar: "As aulas podem começar logo em setembro mas é preciso haver mudanças. Podem estar na escola sem atividade letiva, sem estar a estudar o programa curricular. Os miúdos precisam de respirar a escola sem ser dentro das paredes da sala de aula. Tem de haver um envolvimento com a biblioteca e com os espaços exteriores".
O Português pode aprender-se através do teatro, a História com visitas a zonas históricas ou o Inglês através de "Semanas da Língua" promovidas pela escola, exemplificou.
"A Educação não acompanhou as mudanças do 25 de Abril. Houve uma revolução na sociedade mas não na escola, que continua centrada na sala de aula, no quadro preto do professor e nas secretárias alinhadas", criticou o representante dos pais.
Jorge Ascensão lamentou que o Conselho das Escolas, um órgão consultivo do Ministério da Educação, "não consiga pensar fora da caixa" e continue a apresentar "pequenas medidas que não se traduzem em grandes mudanças".
"Este órgão, que representa quem trabalha todos os dias nas escolas, tem de refletir de forma mais alargada a Educação. Mesmo sabendo que algumas das medidas não são exequíveis de imediato, temos de as pensar e apresentar", defendeu.
A Confap também aponta críticas à outra recomendação do CE, que defende a realização dos exames nacionais do 4.º e 6.º ano apenas no final do ano letivo, por considerar que era preciso primeiro perceber qual o real objetivo das provas: avaliar conhecimentos ou identificar dificuldades dos alunos para que possam melhorar.
"Se o objetivo é avaliar os conhecimentos, então faz sentido que seja no final do ano, mas se queremos provas para conseguir perceber qual o nível de conhecimento dos alunos e o que é preciso melhorar, então faz sentido que seja a meio do ano. Para a Confap, a avaliação deve ser para que os alunos possam melhorar e, sendo assim, esta proposta não resolve o problema", disse à Lusa.