O documento é do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que analisou a saúde dos portugueses após a intervenção da 'troika', e concluiu que, além de o número de enfermeiros estar "claramente abaixo" da média da OCDE (países desenvolvidos), os médicos estão mal distribuídos e o valor das taxas moderadoras afasta os utentes.
A ser apresentado hoje, em Lisboa, o Relatório da Primavera 2015 assinala que "persiste um rácio de médicos por habitante adequado, mas inadequadamente distribuído pelo território com clara vantagem para as regiões urbanas".
Baseando-se nos dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Observatório indica que houve uma diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013, ao mesmo tempo que se verificou um incremento de 13,02% no número de médicos em internato.
Sobre o acesso aos serviços de urgência, os peritos do OPSS revelam que, "a par com uma redução da procura, verificada ao longo dos últimos anos, que coincide temporalmente com a alteração das taxas moderadoras, existem fenómenos sazonais, associados às previsíveis vagas de calor e picos de gripe, com aparente excesso de procura e/ou incapacidade de resposta dos serviços".
Nos hospitais públicos o número de camas disponíveis continua a diminuir, enquanto aumenta nos privados, e nos cuidados continuados mantém-se abaixo das necessidades da população (menos de 30%), revela também o relatório.
Quanto à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), o relatório do OPSS sublinha que, apesar do aumento de camas, este "não responde às necessidades estimadas das pessoas acamadas".
Depois, ainda segundo a mesma fonte, o cidadão tem cada vez mais dificuldades em aceder aos medicamentos em Portugal, devido à diminuição do poder de compra, mas também porque vários fatores têm levado a que os fármacos faltem nas farmácias.
O OPSS justifica esta dificuldade com a diminuição do poder de compra dos cidadãos, "mas também porque os outros intervenientes no circuito do medicamento enfrentaram dificuldades que resultaram numa menor acessibilidade aos medicamentos (indústria, distribuidores, farmácias), com repercussões na saúde da população".
Outra área à qual se faz referência no documento é a Saúde Mental, afirmando-se que se continua a verificar uma desinstitucionalização dos doentes mentais sem que haja avanços na rede de cuidados continuados para estes doentes.