Deficiências são escondidas por "vergonha e medo"

A delegação de São Miguel da Associação Portuguesa de Deficientes, que está a comemorar 25 anos, admite que apesar da maior sensibilidade social para a temática ainda há nos Açores quem esconda o seu problema por "vergonha ou medo".

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Lusa
20/06/2015 13:14 ‧ 20/06/2015 por Lusa

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"Antigamente, nós víamos muitas famílias que tinham filhos portadores de deficiência e que se arrumavam em casa, escondiam-se, tinham medo de falar. Ainda há, não se pode dizer que não. Há muita gente aí escondida que tem vergonha ou medo de dar a cara", afirmou Graça Alves, uma das duas funcionárias a tempo inteiro da delegação desta associação na ilha de São Miguel.

Esta delegação iniciou atividade em 1990 na Lagoa e tem sede em Ponta Delgada desde 2010, contando com mais de 500 sócios, com e sem deficiências.

Para Graça Alves, já não há motivos hoje para haver vergonha ou medo devido à deficiência, desafiando as pessoas "a sair para a rua, a mostrar-se".

Há doze anos que Graça Alves vê pessoas de todas as idades, todas as condições sociais e com ou sem deficiências a recorrerem à associação para pedir emprestado material, como cadeiras de rodas, andarilhos e canadianas, algo que é dispensado a título gratuito consoante as disponibilidades existentes.

"Neste momento precisávamos muito de equipamentos, principalmente cadeiras de rodas normais (...) para ajudar os nossos sócios mais carenciados e que não podem. Neste momento só temos uma [cadeira de rodas] cá dentro. O resto está tudo emprestado. Temos também canadianas, mas precisamos muito de cadeiras", referiu Graça Alves, acrescentando que "custa muito dizer que não" às solicitações.

No dia 27 de junho a associação celebra as bodas de prata com a realização de uma gala solidária no Coliseu Micaelense, sendo que, por decisão da direção, os fundos angariados servirão para adquirir uma cadeira de rodas elétrica para uma sócia, com mais de 20 anos, residente no concelho de Ponta Delgada e com carências económicas.

Segundo disse Graça Alves, trata-se de uma famílias de sete elementos, dos quais um casal de irmãos é portador de deficiência e as atuais cadeiras de rodas já não são as mais adequadas e estão degradadas.

"Vai rondar os dois mil euros. Não sabemos se vamos conseguir esse dinheiro todo na gala, mas já agora deixo o alerta: se houver alguém que queira ajudar neste grande evento que vamos ter e oferecer também algo de seu para a ajuda dessa cadeira", disse Graça Alves, acrescentando que a associação tenciona, no futuro, fazer também algo para ajudar o outro irmão.

Além de uma passagem de modelos, atuação de alunos de dança e ginástica da professora Alexandra Barroso, a gala vai contar um momento musical de fado e apresentação de Graça Moniz e Rui Almeida, sendo que todas as participações são a título gratuito e a entrada para o evento custa cinco euros por pessoa.

Graça Alves referiu, ainda, que a delegação da associação tem "as portas abertas a todos" diariamente entre as 9:00 e 12:30 e as 13:30 e as 17:00 horas e a partir de 2016 vão começar a ajudar o sócios e não sócios a preencher as declarações do IRS.

A Associação Portuguesa de Deficientes, com sede em Lisboa, existe em Portugal desde 1972.

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