O encontro, na Fundação Calouste Gulbenkian, partiu do manifesto "O conhecimento como futuro", lançado em junho e subscrito por mais de 400 investigadores e docentes universitários, que pedem uma "nova agenda política para a ciência, a tecnologia e o ensino superior".
Trata-se do segundo encontro de cientistas num período de um mês, depois de uma iniciativa semelhante ter juntado, a 02 de junho, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, docentes, bolseiros e trabalhadores de investigação científica num debate sobre o rumo para a ciência em Portugal, propondo fixar o setor como uma prioridade na agenda política.
A conferência na segunda-feira terá três sessões de debate, dedicadas à formação e ao emprego científico, à modernização das instituições e ao financiamento da atividade científica e do ensino superior.
O manifesto "O conhecimento como futuro" refere que, apesar dos avanços, "ainda há um longo caminho a percorrer para se cumprir a legítima ambição do acesso generalizado à educação superior, como há muito a fazer para se garantir um sistema científico desenvolvido, social e economicamente relevante e internacionalmente competitivo".
Os subscritores do documento, disponível na internet, consideram indispensável o "investimento explícito na formação e no conhecimento científico", apoiado no "empenho inequívoco do poder público, político e financeiro".
O investimento no conhecimento, sustentam, deve ser encarado como um "projeto coletivo", que implica "a participação cúmplice e exigente da sociedade" e "mecanismos de interação efetiva entre o Estado, o tecido económico-produtivo e as instituições de ciência, tecnologia e ensino superior".
Um dos subscritores, Manuel Heitor, secretário de Estado do antigo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Mariano Gago, disse à Lusa que "a ciência tem ajudado a mudar e a modernizar" o país, pelo que entende ser necessário continuar a "estimular o conhecimento" e a apostar em "mais formação e investimento".
O docente do Instituto Superior Técnico considera que a avaliação feita, recentemente, aos centros de investigação, à qual a comunidade científica apontou irregularidades, "quase destruiu" as unidades e "enfraqueceu a relação" entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia, que subsidia a investigação, e os cientistas.
Da lista de subscritores do manifesto "O conhecimento como futuro" fazem também parte a ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, as historiadoras Irene Pimentel e Maria Fernanda Rollo, o físico Carlos Fiolhais, o reitor da Universidade Nova de Lisboa, António Rendas, o realizador João Mário Grilo, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Joaquim Mourato, a socióloga Luísa Schmidt, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Cunha, e o ex-presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Rui Vilar.