Uma reportagem de rádio feita e transmitida pela BBC fala dos jovens emigrantes portugueses, fenómeno que aumentou em anos mais recentes.
Logo de início, recordam-se os apelos de Passos Coelho para as pessoas saírem da sua “zona de conforto” e analisa-se um dos fenómenos mais marcantes dos anos de ajustamento sob supervisão da troika: a emigração.
“Centenas de milhares” fizeram isso mesmo em resposta às declarações do primeiro-ministro, afirma a BBC.
A reportagem de oito minutos inclui ainda testemunhos de jovens portugueses que abandonaram o país, como o caso de Patrícia, uma enfermeira que se mudou para Londres.
“Vais ter saudades da tua família mas sabes que fizeste a melhor escolha se quiseres estar satisfeito na tua profissão”, explica esta jovem portuguesa quando questionada sobre o porquê de ter emigrado.
A reportagem foca-se em particular na emigração dos jovens qualificados, com Francisco Louçã, apresentado como economista e antigo político, a comentar o fenómeno de portugueses qualificados que emigram para outros países, como Inglaterra, mas também Alemanha e França, entre outros.
“Os salários continuam a ser dos mais baixos na Europa” mas há também “sinais de otimismo”, explica mais à frente o repórter da BBC, que entrevista a dada altura um outro jovem português que optou por voltar a casa.
Acerca da hipótese de no futuro podermos ter um fluxo em sentido contrário, com muitos mais portugueses a voltarem a Portugal, a BBC entrevista Cláudia Pereira, do Observatório da Emigração, que esclarece que “muitos dos portugueses não vão voltar”, à medida que o tempo passa e vão “ganhando raízes” no estrangeiro. A economia teria de melhorar consideravelmente, alerta, adiantando que o fenómeno que aconteceu nesses moldes nos anos 90 com a Irlanda “foi uma exceção”, alerta a investigadora.
Para o final da reportagem, a BBC recupera o testemunho da enfermeira Patrícia, que emigrou para Londres. Questionada sobre se no futuro pondera voltar a Portugal, já que há alguns indicadores positivos, a jovem emigrante admite que não. “Claro que é o país em que quero viver mas isso não é tudo o que precisas”, diz. Dezoito meses depois, Patrícia admite que a Inglaterra já se está a tornar a sua nova casa.