“As taxas moderadoras deviam desaparecer. Defendo os co-pagamentos, excluindo para as pessoas que não podem realmente pagar”, afirmou Manuel Antunes, considerando que, se assim não for, os impostos terão de “continuar a subir”.
“Um país que já não consegue dar o pão de cada dia aos seus cidadãos, não pode dar cuidados de saúde”, sustentou o catedrático e director do Centro de Cirurgia Cardiotorácica da Universidade de Coimbra, que falava na conferência sobre saúde e segurança social “O Estado pode continuar a tratar de nós?”, promovida pelo semanário Expresso, no âmbito do seu 40.º aniversário.
“Os cuidados de saúde são muito caros e nos últimos 25 anos” o seu custo tem aumentado, em média, na generalidade dos países, “o dobro da inflação”, disse Manuel Antunes, referindo que advoga para a saúde “o mesmo princípio” que defende para as auto-estradas.
Na saúde deve ser adoptada “a mesma filosofia das auto-estradas”, em que os utentes pagam as respectivas portagens sem ser “em função daquilo que ganham”, afirmou.
Manuel Antunes reconhece que Portugal gasta menos em saúde, “per capita, que a média europeia”, e metade daquilo que despende, por exemplo, a Alemanha, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), mas o PIB deste país é três vezes superior ao português, sublinhou.
Na conferência, no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, moderada por Pinto Balsemão, participam também o antigo ministro da saúde e eurodeputado Correia de Campos, o docente da Faculdade de Economia e director do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Pedro Ferreira, o ex-secretário de Estado da Segurança Social e professor do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) Fernando Ribeiro Mendes, e o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva.