"Há aqui uma realidade nova, uma nova realidade económica, social e ambiental, o Alqueva mudou a face do Alentejo", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas em Beja.
Depois de ter sobrevoado a zona da barragem do Alqueva a bordo de um C-295 da Força Aérea Portuguesa, Cavaco Silva assinalou "o simbolismo muito particular" de uma visita que o deixou "verdadeiramente impressionado".
"No início de fevereiro do ano de 1993 tomei a decisão em Conselho de Ministro de iniciar a construção da barragem de Alqueva. Eu próprio vim a Alqueva para testemunhar o início das obras. Depois fui a um café, o café de Alqueva, os alentejanos que lá estavam mostraram uma grande desconfiança, disseram que há 20 anos que os políticos diziam isso e nunca tinha sido construída a barragem", recordou.
Entre as razões que levaram a que fosse tomada a decisão, acrescentou, estava a dificuldade da agricultura portuguesa competir no quadro da União Europeia por falta de áreas de regadio, a importância de uma reserva estratégica de água, a tendência da desertificação do Alentejo e a possibilidade que foi então detetada de obter apoios comunitários construir a barragem de Alqueva.
"Regresso agora com uma visão totalmente diferente daquela que tinha tido até aqui, precisamente 20 anos depois, nunca tinha tido a oportunidade de observar o empreendimento de avião e fiquei verdadeiramente impressionado", frisou, convidando todos os portugueses a conhecerem a mudança que está a ocorrer no Alentejo.
Destacando alguns números ligados à construção do Alqueva, Cavaco Silva notou que estão em causa dois mil quilómetros de canais, múltiplos reservatórios de água, barragens, milhares de pontos de rega, resultado de um "investimento significativo", que ficará completo este ano, altura em que se chegará aos 120 mil hectares de regadios.
Além disso, continuou, o projeto está a contribuir para reduzir o desequilíbrio das contas externas em matéria alimentar e, no que respeita ao abastecimento de água das populações, 200 mil portugueses em 13 concelhos já beneficiam da água do Alqueva.
A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que acompanhou a visita do chefe de Estado, corroborou a avaliação de Cavaco Silva, classificando o Alqueva como "um sucesso", nomeadamente na diversificação de culturas.
"Já não é apenas o olival e a vinha", frisou, apontando as culturas de frutas e hortícolas que estão "a transformar a paisagem", a criar emprego e levar pessoas para o Alentejo.
"Alqueva tem muitos anos de trabalho, tem muitos anos de planeamento, a primeira ideia ocorreu ainda na década de 60, os trabalhos começaram na década de 70 e foram interrompidos até depois de serem retomados em 1993. Já lá vão mais de 20 anos para hoje pudermos dizer que será concluído como estava projetado", lembrou.
Depois do sobrevoo da barragem do Alqueva, o Presidente da República visitou o canal de Ferreira do Alentejo e visitou explorações agrícolas de nogueiras, tomate, milho, vinha e pomares de pera rocha e de ameixa.