Vítimas e agressores tentam ultrapassar marcas do crime em encontros

Vítimas e agressores não relacionados tentam em encontros realizados em prisões e na comunidade ultrapassar as marcas deixadas pela agressão, compreender e perdoar.

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Lusa
30/07/2015 10:43 ‧ 30/07/2015 por Lusa

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Nestes encontros promovidos em Portugal pela Confiar -- Associação de Fraternidade Prisional, as vítimas têm a possibilidade de se encontrarem com ofensores, perdoá-los e ajudá-los a compreender como o seu comportamento ofensivo afeta realmente as suas vítimas.

Já os ofensores são encorajados a refletir sobre o papel que valores como o respeito, a empatia e a responsabilização poderão ter nas suas vidas, tendo a oportunidade de simbolicamente reparar as suas ofensas passadas.

A prática tem demonstrado que "a reconciliação é uma possibilidade real e que a reincidência do crime desce para valores residuais", disse à agência Lusa o vice-presidente da Confiar, Luís Graça.

Luís Graça explicou que os encontros são mediados por dois facilitadores devidamente preparados "e em cinco a oito sessões o perdão, a verdade, a reconciliação e a consciência dos atos praticados são uma realidade".

"A vítima deixa de estar em processo de vitimização e o ex-ofensor toma consciência do seu ato", sublinhou.

Os encontros acontecem no âmbito do projeto europeu "Building Bridges", promovido pela Prison Fellowship International, a maior rede do mundo de voluntariado prisional que está presente em quase 130 países e tem assento na ONU para as questões da justiça.

A Prison Fellowship International, da qual Portugal faz parte, desenvolve processos de justiça restaurativa há mais de 30 anos e convidou a associação portuguesa a fazer parte deste projeto financiado pela Comissão Europeia, que está a ser desenvolvido também em Espanha, Itália, Holanda, Alemanha, Hungria e República Checa.

O projeto, que termina em fevereiro de 2016, inclui dois "painéis de impacto de justiça restaurativas", terminando o primeiro na sexta-feira com um encontro em Lisboa que reunirá representantes da associação, da Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais e participantes no painel, disse Luís Graça.

Os encontros começaram a acontecer em junho com a colaboração do ISCSP -- Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, mas são "muito difíceis de promover", contou Luís Graça.

Para os realizar, a Confiar conta com a ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

Mas o facto de a associação estar no terreno há 16 anos a apoiar reclusos, ex-reclusos e respetivas famílias, nomeadamente os filhos menores, também faz com que as pessoas confiem e participem nestas reuniões.

"A nossa justiça restaurativa pretende restaurar a relação entre a vítima, o ofensor e a comunidade e funciona em paralelo com a justiça punitiva ou penal", frisou.

 

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