“A crise dos refugiados tem posto ainda mais a nu o verdadeiro caráter da União Europeia atual”, considera Ferreira do Amaral, que diz não sentir qualquer simpatia pela forma como “a Hungria e outros estados tratam os refugiados”.
Porém, refere o economista, “ameaçar com o corte de fundos estruturais é uma sugestão que vem daqueles que se julgam donos da União. Os fundos não são uma esmola nem uma benesse que a Alemanha e outros países pagam (e com a qual em última análise, vêm também a beneficiar). A ajuda que esses fundos proporcionam está solidamente ancorada nos tratados e só nas situações que esses tratados preveem (e que não têm nada a ver com o problema dos refugiados)”, explica.
“Não vou referir-me, contudo, ao que de mais grave tem a crise, ou seja, à triste e injusta sorte dos refugiados, abandonados por uma Europa que tem no seu seio estados altamente responsáveis pelos incêndios que lavram na Síria, no Iraque e no Norte de África”, admite.
E, termina o antigo ministro: “A União, do meu ponto de vista, já não tem reforma possível. Agora já às claras, a Alemanha e as respetivas autoridades, à revelia dos tratados, não perdem uma oportunidade para ameaçar os outros países se eles não seguirem o que convém à Alemanha".