Para a dirigente bloquista, é "vergonhosa a posição do Governo português de achar que está a defender algum interesse quando está a esconder o abuso, a prepotência, a existência de presos políticos".
"Não se defende ninguém quando se ataca os direitos humanos, seja onde for", frisou Catarina Martins, discursando perante apoiantes bloquistas na Casa do Alentejo, em Lisboa, tendo acrescentado que o BE tem estado "a falar sozinho sobre este assunto" e que "quem ficar calado é cúmplice do que está a acontecer".
Afirmando que a noite não terminaria sem se falar de Luaty Beirão, a porta-voz bloquista lembrou que o caso do ativista angolano em greve de fome desde 21 de setembro já foi discutido com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, assim como no grupo parlamentar do Bloco de Esquerda em Bruxelas, tendo vincado que, da sua parte, não cairá no esquecimento.
"Eu não sei quanto mais tempo Luaty Beirão irá aguentar, sei que a greve de fome dele é feita por todas as razões justas", frisou.
"O que está a acontecer vai marcar-nos, está a marcar Angola. E por isso, mesmo que alguém possa achar menos prudente que eu fale todos os dias de Luaty Beirão e do que está a acontecer em Angola eu vou continuar a fazê-lo seguramente", vincou Catarina Martins, arrancando uma salva de palmas dos presentes.
O 'rapper' e ativista angolano Luaty Beirão, em greve de fome desde 21 de setembro, foi transferido na quinta-feira de uma cadeia em Luanda para uma clínica privada, por "precaução", disse hoje à Lusa fonte dos serviços prisionais.
O ativista, de 33 anos, é um dos 15 detidos desde 20 de junho e acusados em setembro, pelo Ministério Público, de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano.
Sem adiantar mais pormenores, o responsável garantiu que Luaty Beirão "não está em risco de vida" e que o seu estado de saúde "continua estável", apesar de entrar hoje no 26.º dia de greve de fome.