Acusado dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, José Sócrates terá, segundo os investigadores, montado um esquema complexo de transferências bancárias e entrega de avultadas quantias de dinheiro em pessoa para conseguir fazer face a todas as suas despesas sem que tivesse que declarar os seus rendimentos.
Na edição desta semana da revista Visão, a publicação debruça-se, entre outros aspetos, sobre as conversas em código que o ex-primeiro-ministro mantinha com Carlos Santos Silva, com o motorista João Perna e até com uma amiga de quem apenas se conhece o nome: Célia.
Os investigadores acreditam que o dinheiro de Carlos Santos Silva é, na verdade de José Sócrates. Caso contrário, por que razão, questionam os investigadores, o ex-primeiro-ministro pedia dinheiro sem nunca usar este termo?
Durante as escutas telefónicas a Sócrates e Santos Silva, nunca foi pronunciada a palavra ‘dinheiro’. Os termos usados, que os investigadores acreditam tratar-se de códigos para ‘dinheiro’, passavam por “fotocópias”, “fotocópias mais miúdas”, “documentos”, “aquilo”, “a coisa”, “aquilo de que gosto muito”, “o mesmo que da outra vez”, “os apontamentos” ou os “livros do Duda [diminutivo de um dos filhos de Sócrates]”.
A revista Visão dá especial ênfase a um código que terá feito os investigadores darem valentes gargalhadas. José Sócrates, numa conversa telefónica com a amiga Célia, ter-lhe-á dito que pedisse “ao amigo” umas três ou quatro garrafas de vinho.
Até aqui nada de especial. No entanto, o ex-primeiro-ministro continua a conversa dizendo à amiga que esta deveria entregar as garrafas à empregada da mãe e que as mesmas deveriam estar num envelope com fita-cola.
Outro pormenor que sustenta as suspeitas de que o dinheiro de Carlos Santos Silva pertence, na realidade a José Sócrates, é o de que após os telefonemas do amigo, o empresário ligava de seguida ou para a mulher ou para o gestor de conta para fazer pedidos relacionados com movimentos e levantamentos.