"Obrigado", disse no final de um breve encontro com jornalistas Fouad Nameed, que estava há três anos num campo de refugiados no Egito, juntamente com a sua mulher e os seus três filhos.
O grupo de refugiados chegou a Penela por volta das 18:00, depois da aterragem no aeroporto de Lisboa ao início da tarde. Apesar do cansaço, Fouad Nameed mostrou-se disponível para falar com os jornalistas, afirmando que antes de chegar ao país que agora o acolhe já tinha uma "boa ideia" de Portugal, das suas paisagens, "das suas equipas de futebol" e das suas cidades.
"A vida é segura", foi o que sentiu assim que chegou a Portugal, apontou, classificando a guerra civil síria com um único adjetivo: "horrível".
Agora, já em Penela, e com o presidente da Câmara a informar que a escola já está pronta para receber na segunda-feira as crianças destas famílias, Fouad afirmou que espera "aprender a língua desta terra" e "encontrar um bom emprego".
"Quero poder viver pacificamente com este bom povo", frisou o antigo gerente de um centro comercial de Alepo, acrescentando que não está otimista quanto a um regresso ao seu país.
Três das cinco famílias que vieram hoje do Cairo no âmbito do Programa Nacional de Reinstalação foram acolhidas em Penela, uma em Sintra e outra em Lisboa.
Neste concelho com cerca de seis mil habitantes, os refugiados vão ficar alojados em apartamentos de tipologia T3 e T4, devidamente equipados, propriedade do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, mas atualmente geridos pela Câmara de Penela, num complexo que já tem sete famílias portuguesas a viver.
"A palavra inclusão vai ser sinónimo de respeito e de responsabilidade na integração destas pessoas. Vêm de processos traumáticos e esperamos que Penela possa garantir todas as condições para que aqui possam ficar em paz e em segurança", sublinhou o presidente da autarquia, Luís Matias.
Apesar de admitir que haverá alguma "preocupação" por parte da população, o autarca prefere destacar que, acima de tudo, "há uma enorme vontade de recolher e de receber estas pessoas. Ninguém fica indiferente" à situação.
O presidente da Fundação ADFP (Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional), uma das entidades responsáveis pelo projeto de integração de refugiados em Penela, manifestou-se confiante em que os habitantes e instituições de Penela vão dar uma "resposta fraterna" às famílias de refugiados sírios e sudaneses.
O objetivo é que as famílias comecem já a aprender português e possam garantir a sua autonomia, disse Jaime Ramos.
Este grupo de refugiados integra-se no Programa Nacional de Reinstalação, um processo diferente daquele que a União Europeia lidera face à crise das migrações em curso e que colocará em Portugal 4.500 requerentes de proteção internacional nos próximos dois anos.
Em Penela, falta ainda uma família síria, de seis pessoas, que integra o grupo de outros 22 refugiados que ficaram retidos no Egito, devido a uma greve da companhia aérea alemã Lufthansa.
Segundo o diretor nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, esse grupo deverá chegar a Lisboa no domingo.