Na passada sexta-feira, uma transeunte que circulava na zona do Chiado, por volta das 23 horas, com um grupo de amigos deu conta do lixo à porta da loja Intimissimi, no número 154 da Rua Augusta, em Lisboa.
“Aproximamo-nos e verificamos que eram CV’s, faturas, comissões, horários, dossiers de papelada (…) com todas as informações”, afirmou a transeunte ao Notícias ao Minuto, tendo captado as imagens acima, devidamente censuradas para proteção dos visados.
Manuel Guerreiro, presidente do CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, em declarações ao Notícias ao Minuto lamentou esta situação, que descreve como uma “violação dos direitos humanos básicos dos cidadãos que foram atraídos para aquela cilada”.
O responsável, que recebeu e processou as queixas entretanto enviadas para o sindicato, sublinha que já tomou uma posição junto da Comissão Nacional da Proteção de Dados (CNPD) e das entidades públicas nacionais competentes, incluindo a Procuradoria-geral da República, para que seja aberta uma investigação ao caso.
Estão também a ser preparadas cartas dirigidas a entidades a nível europeu, uma vez que se trata de um grupo que opera a nível europeu (Grupo Calzedonia).
Neste contexto, Manuel Guerreiro recordou a situação ocorrida no mesmo grupo em finais de outubro passado, em que candidatos a emprego foram entrevistados na montra de uma loja Tezenis, uma situação também denunciada através das redes sociais.
O presidente da CESP explicou ao Notícias ao Minuto que não atuaram de imediato porque precisavam de averiguar todos os factos. “Até pensamos que se tratavam de atores contratados para uma ação de marketing”, acrescentou.
“Em 40 anos de sindicato nunca vi uma coisa destas”, assegurou Manuel Guerreiro, falando em “atrair desempregados para uma cilada” em que “nenhum jovem vai ser contratado”. Um caso que, na sua opinião, resvala para o “terrorismo social” onde as pessoas são “feridas na sua dignidade” e vêm “os seus dados pessoais no chão”.
O Notícias ao Minuto tentou entrar em contacto com a Intimissimi e com o Grupo Calzedonia mas até à publicação desta peça não foi recebida nenhuma resposta.