Os resultados da investigação realizada em Portugal pela professora Maria de Lurdes Lomba “apontam para a necessidade de os enfermeiros assumirem os estilos recreativos juvenis como uma importante questão de saúde pública em que urge intervir”.
Baseado em mais de 1.300 entrevistas a adolescentes e jovens adultos “frequentadores de ambientes recreativos nocturnos”, o estudo “vem confirmar a relação existente entre diversão nocturna, consumo de substâncias psicoactivas e comportamentos de risco”, revelou a ESEnfC.
Entre 2007 e 2010, verifica-se “uma maior expressão do consumo de bebidas alcoólicas” por parte de 91% dos entrevistados e de ‘cannabis’, que foi consumida por 26% dos jovens entrevistados por Lurdes Lomba em dez cidades do Continente e regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
“Quanto a comportamentos sexuais de risco, são muitos os jovens que referem ter praticado relações sexuais desprotegidas (62%) ou sob influência do álcool (51%)”, de acordo com uma síntese do estudo divulgada pela instituição de ensino.
Sobre comportamentos rodoviários de risco, 36% dos jovens admitiram “já terem sido conduzidos por alguém embriagado ou debaixo do efeito de drogas”, enquanto 19% chegaram a conduzir sob influência de álcool.
O trabalho de Lurdes Lomba, mestre em Saúde Pública e doutorada em Ciências de Enfermagem, permitiu conclui “que os acidentes rodoviários decorrentes destes consumos são mais frequentes nos jovens que permanecem mais tempo na noite”.
Por outro lado, “verifica-se uma relação positiva entre a maioria destes comportamentos e o consumo de álcool e drogas, com uma tendência para comportamentos violentos mais frequentes nos jovens com maior envolvimento na vida recreativa” nocturna.
A docente da ESEnfC defende intervenções dos profissionais de enfermagem, “que passem, por exemplo, pela sensibilização para a necessidade de transporte público nocturno, por acções preventivas nos locais de diversão” ou pela informação sobre drogas e consumo.
A distribuição de preservativos, o acesso a testes de alcoolemia e o uso de copos de plástico são outras das “medidas de minimização de danos” propostas.
“O enfermeiro deverá actuar, de um modo interdisciplinar, com outros profissionais da saúde e instâncias sociais, focando a sua intervenção na sensibilização dos responsáveis políticos, comunitários e da indústria recreativa para os problemas ligados à cultura recreativa”, preconiza.
O estudo foi a base da tese de doutoramento de Lurdes Lomba, que entrevistou jovens de Lisboa, Porto, Coimbra, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Odivelas, Funchal, Viana do Castelo, Aveiro e Viseu.