Há juízes em Portugal sem gabinete, obrigados a transportar processos de milhares de páginas em malas de viagem.
A situação, além de dificultar a atividade diária, acarreta riscos e tem levado a queixas da Associação Sindical dos Juízes Portugueses.
Entre os casos apontados destaca-se o dos juízes desembargadores, muitas vezes obrigados a viagens, que acabam por chegar a diferentes tribunais mas sem gabinetes onde trabalhar, situação que leva a que muitos optem por trabalhar em casa.
Ao jornal i, a associação sindical assume que considera a falta de juízes na jurisdição administrativa "dramática", lembrando que foram "inúmeras" as "chamadas de atenção" feitas ao anterior governo, mas sem efeito. Além do mais, a associação sindical sugere que seria importante serem disponibilizados junto de alguns tribunais outro espaço, que permitisse instalar gabinetes.
A Justiça é um alvo comum de críticas devido à demora na resolução de processos. Mas a hipótese de aumentos por produtividade colocada em cima da mesa pelo Executivo não parece ser solução, na perspetiva da presidente da ASJP.
Ao mesmo jornal, Maria José Costeiro realça que os juízes "não passariam a trabalhar mais se houvesse qualquer tipo de compensação pelo aumento de produtividade. E isto pelo simples facto de que trabalham muito mais do que lhes é exigível", afirma. "Mesmo que quisessem, não teriam possibilidade de trabalhar mais do que já fazem".