A Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, é hoje palco de um debate sobre os desafios e tendências da mobilidade e do estacionamento em Portugal, num encontro que conta com vários especialistas do sector.
Em declarações à agência Lusa, o especialista francês Olivier Lourdel disse ser fundamental "não facilitar a deslocação de carro", através de multas e conceder "vantagens nos impostos" a quem cumpre, ou ainda "incentivos para o uso de bicicleta".
"Enquanto não houver mais controlo para afastar os carros das cidades vai ser difícil melhorar a mobilidade e o ambiente e o que se passa em Portugal, bem como noutros países da Europa, é que há falta de decisões políticas que apostem em mudanças radicais", afirmou Olivier.
Segundo o também director da Altermove (empresa francesa com soluções alternativas de mobilidade), a mobilidade nas cidades não se pode limitar aos transportes públicos e deve haver coragem para medidas radicais.
"Não queremos mais autocarros ou táxis, queremos mais bicicletas e pessoas a andar a pé. Para isso, deve haver coragem de, por exemplo, taxar a circulação automóvel, ou tornar os acessos muito mais difíceis por carro, com desvios de trajecto mais demorados e criar formas de educar e incentivar as pessoas ao uso de bicicletas", sustentou.
Para Olivier Lourdel, a mudança já está a acontecer, mas é preciso fazer mais, até porque, sublinhou, "os níveis de CO2 nas cidades estão a atingir níveis insuportáveis".
Outros especialistas que hoje intervieram na conferência lembraram a necessidade de mais fiscalização no estacionamento.
"Se queremos construir cidades e ordenamento das zonas urbanas, temos de fiscalizar e garantir que todas as regras de estacionamento sejam implementadas a bem do cidadão, embora muitas vezes haja contestação", afirmou Luís Garcia, da Zetes Burótica, uma empresa de soluções de mobilidade.