Após 25 anos de luta, o dirigente do SOS Racismo, José Falcão, disse à agência Lusa que continua a fazer sentido a existência da associação, porque as atitudes racistas e xenófobas continuam a existir, apesar de já terem sido dados alguns para as combater.
"Basta ver aquilo que é dito sobre as minorias étnicas para mostrar que infelizmente o SOS Racismo tem que continuar a existir para lutar contra estes estereótipos", sublinhou.
Segundo José Falcão, "alguma coisa mudou nestes 25 anos, mas Europa está a mudar outra vez e os crimes de ódio continuam a aumentar".
Para o ativista, é "muito importante" perceber que os passos dados de "nada servem" se não forem inseridos "numa política séria de combate à discriminação racial".
Portugal tem uma "lei de discriminação racial, que não serve para absolutamente nada e é pintada como uma coisa absolutamente fabulosa lá para fora", lamentou.
Entre os "poucos passos" que foram sendo dados, José Falcão destacou "o reconhecimento da existência da discriminação racial e do racismo".
"Há 25 anos a culpa de haver racismo era do SOS e ainda hoje há gente que diz que se não fossemos nós não havia racismo. O disparate é tão grande que chega a este ponto", sublinhou.
Os 25 anos da associação foram marcados pela denúncia de casos de "violência policial" de atos da extrema-direita, bem como da "violência dos tribunais face aos mais desprotegidos".
A luta pelo "direito de voto para todas e todos" e "contra os estereótipos na educação, na imprensa, na sociedade, na academia, nas instituições" também marcou estes anos da associação.
Ao mesmo tempo, a associação desenvolveu atividades culturais no teatro, no cinema, mas também palestras nas escolas, nas autarquias para alertar para esta realidade e combatê-la.
"No âmbito destas comemorações vamos fazer o que sempre temos feito até agora: percorrer centenas de quilómetros pelas escolas, participar na luta pelos direitos de todas e todos aqueles que aqui vivem e aqui deviam votar", frisou.
A efeméride vai ser assinalada com uma festa no sábado, em Lisboa, que conta com a presença, entre outros, de Capicua, Maria Viana, António -- Homem Estátua, Boss e Pedro Branco.