David Duarte tinha apenas 29 anos e uma longa vida pela frente. Mas faleceu na madrugada de 13 para 14 de dezembro no Hospital de São José, em Lisboa, devido à falta de serviço de neurologia vascular aos fins-de-semana. Os profissionais de saúde recusaram a trabalhar aos sábados e domingos.
Sexta-feira, dia 11 de dezembro, o jovem deu entrada no Hospital de Santarém devido a uma hemorragia cerebral e a um grande hematoma, mas dias depois acabaria por perder a vida por não ser tratado a tempo. Depois do sucedido, fonte do Hospital de São José, para onde foi transferido, contou ao Expresso que entretanto a tutela e o hospital chegaram a acordo e que o São José passará a ter uma equipa cirúrgica de prevenção aos fins-de-semana. Mas..
"O David morreu. E [o hospital] São José volta a ter neurocirurgia vascular aos fins-de-semana", o desabafo foi partilhado no Facebook por Elodie Almeida, namorada de David Duarte, e que estava com ele no momento de “pânico” em que tudo aconteceu.
A jovem, de 25 anos, escreveu uma carta ao Expresso na qual descreve detalhadamente todo o processo, desde que chamou o INEM quando o David “ficou paralisado do lado direito", até ao momento em que a informaram sobre a “morte cerebral” do namorado, um estado “irreversível”.
David Duarte, o caso que fez regressar o serviço de neurocirurgia ao São José
Na tarde do dia 11 deste mês, David deu entrada no Hospital de Santarém e foi colocado sob observação, tendo-lhe sido feitos vários exames. À namorada e à avó materna de David foi dito que o jovem tinha tido uma “hemorragia cerebral e um grande hematoma”, o que levou à transferência do jovem para o São José, em Lisboa.
Já no hospital da capital, os médicos anunciaram, “descontraidamente”, conta Elodie, que David tinha uma “rutura de um aneurisma, que o sangue se espalhou pelo cérebro” e que teria de ser logo operado. “Mas como os médicos referiram, infelizmente calhou ser numa sexta-feira, logo não iria haver equipa de neurocirurgiões durante o fim-de-semana”, uma decisão que custaria a vida ao jovem.
No dia 14, quando a namorada ligou a pedir informações, disseram-lhe que a operação não tinha sido realizada e que era melhor que se deslocasse ao hospital. “Anunciaram-nos que o David tinha tido morte cerebral e que seria irreversível. Não me deram mais detalhes”, conta Elodie.