A sociedade parece mais atenta e a polícia mais conhecedora e com mais recursos. Não será por acaso que o número de inquéritos abertos por suspeitas de abuso sexual de crianças tem vindo a aumentar. Porém, só cerca de um terço dos casos chega a tribunal.
O jornal Público realça, citando números do ministério da Justiça, que a Polícia Judiciária investigou 1074 casos em 2012. Em 2013, foram 1227 os casos investigados, número que subiu em 2º14, para os 1335, uma tendência de subida que estava a repetir-se em 2015 – até junho já tinham sido abertos 738 inquéritos.
A ‘regra’, no entanto, dita que este aumento no número de investigações continua a não ser refletido no número de casos que vão a tribunal.
Por um lado, há queixas falsas ou inconsistentes, que justificam que o inquérito fique apenas pela primeira fase. Mas há também “cifras negras”, explica ao mesmo jornal Isabel Polónia, coordenadora superior de investigação criminal da PJ, que fazem com que outros casos não cheguem à barra do tribunal.
“Esta é uma área conhecida por ser aquela em que há mais cifras negras. Um crime sexual envolve fatores de intimidade que muitas vezes levam as pessoas a não participar”, alerta.