As medidas de austeridade impostas aos cidadãos devido à crise que a Europa atravessa são o principal motivo para o aumento das desigualdades entre os homens e as mulheres da União Europeia.
É a conclusão de um estudo elaborado pela Comissão de Direitos da Mulher e Igualdade dos Géneros (FEMM), que vai a votos na próxima terça-feira, em Estrasburgo. No documento, citado pelo jornal i, pode ler-se que as medidas de austeridade “estão a debilitar o estado-providência, a ampliar as discrepâncias na sociedade e a dar origem a injustiças sociais e económicas ainda mais significativas, incluindo desigualdades de género”.
O salário é um dos factores de desigualdade, com as mulheres europeias a receberem, em média, menos 16,2% do que os homens. Em Portugal, por exemplo, a diferença de salários entre homens e mulheres é de 13%. Para a vice-presidente do FEMM, Elisabeth Morin-Chartier, esta diferença é consequência do facto de serem as mulheres “a pagar os custos da maternidade”.
Para colmatar estas desigualdades de que são vítimas as mulheres, já foram propostos pelo menos dois diplomas que não foram ainda aprovados. O primeiro, uma proposta da Comissão Europeia, pretende a inclusão de uma quota de 40% para mulheres em cargos não executivos nas maiores empresas da Europa; o segundo – uma directiva defendida pela eurodeputada portuguesa Edite Estrela – aposta no alargamento das licenças de maternidade para 20 semanas com pagamento integral nos 27 países-membros.